O Conselho de Segurança Nuclear (CSN) espanhol autorizou o prolongamento do funcionamento da central nuclear de Almaraz, em Espanha, até outubro de 2028, sendo que impôs 13 condições e limites a serem cumpridos.

Em comunicado a que a agência Lusa teve esta sexta-feira acesso, o CSN informa que decidiu favoravelmente a solicitação da renovação da autorização de exploração da central nuclear de Almaraz, em Cáceres, cuja vigência terminava em junho deste ano.

“O plenário do CSN acordou informar favoravelmente a solicitação da renovação da autorização de exploração da central nuclear de Almaraz (Cáceres), cuja vigência terminava em junho. Concretamente, permite o funcionamento da unidade I até 1 de novembro de 2027 e a unidade II até 31 de outubro de 2028, que iniciaram o seu funcionamento em 1981 e 1983, respetivamente”, explica, em comunicado, o CSN.

A decisão foi tomada em plenário do CSN esta semana, sendo que o parecer favorável é justificado com base no cumprimento, por parte dos proprietários da central nuclear de Almaraz, das condições de autorização vigentes que foram concedidas em 2010 e as suas instruções técnicas associadas, como a revisão periódica de segurança (RPS) e a normativa de aplicação associada.

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Dado volume da documentação técnica associada, o plenário do CSN desenhou um plano de trabalho para garantir o tempo necessário para a adequada análise, que se desenvolveu durante todo o mês de abril até agora”, lê-se na nota.

A decisão emitida pelo CSN inclui 13 limites e condições aos quais ficará submetido o funcionamento da central nuclear de Almaraz neste novo período.

“Além disso, esta decisão tem em linha de conta os resultados da avaliação contidos num conjunto de 44 informações técnicas especializadas, assim como os requisitos exigíveis pelo Regulamento de Instalações Nucleares e Radioativas (RINR), a informação proveniente das inspeções realizadas à central durante a vigência da atual autorização por parte do CSN, assim como os resultados de processos de licenciamento, supervisão e controlo do CSN, nesse período de 10 anos”, conclui.

Esta informação vai ser agora remetida ao Ministério para a Transição Ecológica para a sua autorização definitiva.

Os proprietários da central de Almaraz, a Iberdrola (53%), a Endesa (36%) e a Naturgy (11%), tinham pedido a renovação da licença de exploração até 2028.

A central está implantada junto ao rio Tejo numa zona de risco sísmico e apenas a 110 quilómetros em linha reta da fronteira portuguesa.

Movimento Ibérico diz que continuidade da central nuclear “é de gravidade extrema”

O Movimento Ibérico Antinuclear (MIA), que congrega mais de 50 organizações portuguesas e espanholas, entre as quais a Quercus, afirmou esta sexta-feira que a continuação do funcionamento da central nuclear de Almaraz, pós 2020, “é de uma gravidade extrema”.

Em declarações à agência Lusa, Nuno Sequeira, responsável da Quercus e um dos coordenadores do MIA em Portugal, afirmou que a associação ambientalista Quercus e o MIA vão solicitar uma intervenção urgente do Governo português sobre o assunto.

A Quercus e o MIA vão solicitar urgentemente que o Governo português intervenha e tome posição contra este eventual prolongamento, dado que será o governo Espanhol, depois deste parecer favorável do CSN (Conselho de Segurança Nuclear), a tomar a decisão final sobre a questão”, sustentou.

Nuno Sequeira sublinha que a informação relativamente ao parecer da CSN para a continuação do funcionamento da central nuclear espanhola de Almaraz pós 2020, “é ilógica, errada e de uma gravidade extrema, pois ela, infelizmente, viabiliza que esta central totalmente envelhecida e obsoleta continue a trabalhar e a colocar toda a Península Ibérica em risco até 2028”.