O Governo estimou esta sexta-feira que, em dois anos, seja possível regressar à conjuntura económica de 2019, antes da recessão gerada pela pandemia de Covid-19, ressalvando que isso depende da dimensão da crise sanitária, ainda incerta.

“Neste momento, a incerteza é extremamente elevada e é muito difícil dizer quando é que as economias regressarão ao nível que tinham, por exemplo, no ano de 2019, mas […] penso que será possível em cerca de dois anos regressar” à conjuntura económica do ano passado, disse o secretário de Estado Adjunto e das Finanças, Ricardo Mourinho Félix.

Falando aos jornalistas portugueses em Bruxelas por videoconferência, após uma reunião do Eurogrupo já realizada à luz das primeiras projeções de Bruxelas sobre o impacto da pandemia da Covid-19 na economia europeia – divulgadas na quarta-feira e que antecipam para este ano uma contração sem precedentes na zona euro, de 7,7% do Produto Interno Bruto -, Ricardo Mourinho Félix declarou que a retoma económica “dependerá de um conjunto de variáveis”.

Nestas previsões, a Comissão Europeia disse estimar que, após a recessão de 6,8% em Portugal este ano e de uma taxa de desemprego de 9,7%, se registe uma recuperação da economia portuguesa de 5,8% em 2021, bem como uma diminuição da taxa de desemprego para 7,4%.

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“O entendimento que temos é que, dependendo obviamente daquilo que seja a dimensão da crise de saúde, será possível, se ela for suficientemente curta, recuperar as economias e regressar a uma nova normalidade num prazo relativamente breve”, referiu Ricardo Mourinho Félix, destacando o “crescimento muito significativo” previsto por Bruxelas para o país no próximo ano.

Nesta reunião desta sexta-feira, o fórum informal de ministros das Finanças da área do euro discutiu a resposta económica europeia à crise gerada pela pandemia.

Por definir, e isso está nas mãos da Comissão Europeia e deverá ser apresentado nos próximos dias, está o novo fundo de recuperação, a resposta comunitária ao pós-pandemia.

Sobre esta questão, Ricardo Mourinho Félix notou existir “coro político” sobre a criação deste fundo, mas divergências sobre “a forma”, como foi visível na última cimeira.

Num Conselho Europeu celebrado por videoconferência em final de abril passado, os chefes de Estado e de Governo da União Europeia encarregaram a Comissão Europeia de apresentar “com caráter de urgência” uma proposta de fundo de recuperação da economia europeia para superar a crise provocada pela pandemia de Covid-19, interligando-o de forma clara com uma proposta revista do orçamento plurianual para 2021-2027, que ainda não foi acordado entre os 27.

“A posição de Portugal é que esse fundo não pode afetar aquilo que são as prioridades do atual orçamento — no que toca às políticas de coesão, à política agrícola, às prioridades da transição digital e da ação climática”, sublinhou Ricardo Mourinho Félix.

Quanto ao conteúdo, “Portugal considera que deve ser feito esse financiamento aos Estados largamente através de subvenções”, acrescentou o governante, admitindo também “alguns empréstimos”, desde que tenham “maturidade suficientemente longa para diluir aquilo que são os custos”.