No mesmo fim de semana em que a Coreia do Sul abriu as portas ao futebol profissional, embora apenas aos jogadores e com bancadas vazias, decidiu também fechar as portas de bares, discotecas ou espaços de festa em Seul. É que depois de os números de infeções terem reduzido a um dígito e de se ter começado o gradual desconfinamento, foi identificado novo um foco de infeção pela Covid-19 no multicultural bairro noturno de Itaewon.

No último fim de semana, segundo o jornal The Korea Herald, a Coreia do Sul contabilizou 18 novos casos — sendo que 17 estavam circunscritos ao bairro de Itaewon, onde um homem, de 29 anos, testou positivo ao novo coronavírus depois de ter frequentado mais de cinco clubes e bares localizados naquela zona.”É como deixar cair uma mancha de tinta em água limpa”, comparou o vice-ministro da Saúde, Kim Gang-lip.

A medida, que entrou de imediato em vigor, tem como objetivo controlar a origem do surto. “O descuido pode levar a uma explosão de infeções”, explicou o presidente da Câmara, Park Won-soon, durante uma conferência de imprensa, onde pediu aos empresários da noite e clientes que respeitem as medidas de quarentena agora impostas.

“Esses estabelecimentos têm de suspender imediatamente os seus negócios, caso contrário serão penalizados”, frisou ainda Won-soon, que não avançou com uma data para o levantamento das novas restrições impostas.

As autoridades de saúde de Seul antecipam, nos próximos dias, um aumento significativo do número de infetados, tendo em conta que mais de 1.500 pessoas passaram pelos espaços noturnos. Nesse sentido, e de forma a rastrear os casos positivos, o presidente da Câmara pediu a todos os que frequentaram o bairro noturno de Itaewon, incluindo o King Club, o Trunk Club e o Club — por onde o cliente passou, sem máscara — entre os dias 29 de abril e 6 de maio, que se submetam voluntariamente a testes de triagem e evitem sair de casa, para dessa forma não infetarem mais ninguém.

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Na conferência de imprensa, Park Won-soon explicou ainda que as autoridades não tinham conseguido identificar mais de 1200 pessoas que estiveram no bairro durante esse período porque, apesar dos clubes serem obrigados a escrever o nome de todos os clientes, os “registos não estavam corretos”.

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças, da Coreia do Sul, entretanto, já avançou com números e confirmou ter rastreado 27 casos, incluindo colegas do ‘paciente zero’, além de familiares e amigos. Entre os 12 casos confirmados incluem-se três estrangeiros e um soldado sul-coreano, ligados a três clubes noturnos no bairro multicultural de Itaewon, na capital.

Coreia do Sul foi o primeiro país a abrir futebol profissional

Os novos casos são um revés para a Coreia do Sul, que passou inicialmente de país mais atingido fora da China a um caso de sucesso no combate à pandemia, graças a uma política agressiva de testes generalizados e de rastreio de contactos. Até o momento, o país registou 254 mortes, de acordo com os dados da Johns Hopkins. Esta semana, começou a relaxar as medidas de distanciamento social depois das novas infeções do país terem caído para números de um dígito.

Também por isso, foi o primeiro país a dar o pontapé de saída ao futebol profissional. O campeonato de futebol da Coreia do Sul, K-League, ganhou uma dimensão internacional ao mostrar ao mundo como será o futebol em tempos de pandemia. No primeiro jogo de uma nova era para o futebol, com ausência de adeptos nas bancadas, a entrada no estádio foi feita com distanciamento de dois metros entre todos os jogadores, o uso de máscara foi obrigatório, bem como o controlo da temperatura corporal. É também obrigatório o uso de garrafas de água individuais para cada um dos jogadores, que agora ficam proibidos de trocar de camisolas.