O presidente da Câmara de Leiria considerou este sábado que Leiria está na “liderança” nacional da reflexão do que será a atividade cultural pós-pandemia Covid-19, com o congresso da candidatura da cidade a capital europeia da cultura.

No Museu de Leiria, celebrando o Dia da Europa com a abertura simbólica do congresso “O futuro da nossa cidade”, transmitida pela internet, Gonçalo Lopes assumiu que Leiria está na “liderança no contexto nacional” do processo de reflexão sobre “o que deverá ser a atividade cultural nos próximos anos”.

“Esta é uma candidatura única no contexto nacional, uma das mais importantes no contexto europeu, uma vez que une um território tão heterogéneo como o nosso”, realçou o presidente da Câmara, considerando que a realização do congresso preparatório da candidatura, em modo contínuo pelo menos até 24 de outubro, é “uma excelente oportunidade”.

Dimensão da candidatura de Leiria a Capital da Cultura é “absolutamente inédita”

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Para o autarca, se a candidatura estivesse pronta antes da pandemia estaria “desatualizada”, pelo que o congresso, agora adaptado para funcionar em contínuo até outubro, vai “tornar todo o processo de planeamento [da candidatura] muito mais rico, mais participado e mais envolvente”.

A pandemia trouxe “um sentimento de individualismo entre os países” e “uma competição entre municípios”, pelo que “será necessário voltar a coser a coesão de todo um território. Este congresso e esta candidatura serão um bom instrumento para ultrapassarmos as dificuldades que sentimentos conjuntamente”.

Também para o presidente do congresso, Luís Filipe Castro Mendes, é necessário “combater o distanciamento das relações interpessoais, o individualismo anti-igualitário, a xenofobia e o fechamento hostil de umas comunidades contra as outras”.

O embaixador e ex-ministro da Cultura, que entrou na cerimónia em direto através da internet, afirmou ser preciso “reaprendermos a pensar o nós antes do eu” e “chamar com urgência e persistência, o pensamento, a cultura, a arte. Por isso estamos aqui juntos”.

A reflexão, que já começou há meses e prosseguirá semanalmente até outubro no território dos 26 municípios da candidatura de Leiria, ambiciona “aprender a inventar as novas formas de relacionamento e comunicação que a vida cultural terá de descobrir de ora em diante”.

O congresso “O futuro da nossa cidade” decorrerá aos sábados e quartas-feiras, com diferentes momentos de reflexão, disseminados pelos 26 municípios.

A 22 de maio, também em Leiria, será inaugurada a programação, que decorre até 23 e 24 de outubro, dias de reflexão presencial sobre as conclusões no Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria, e Centro Cultural e Congressos de Caldas da Rainha.

Segundo o coordenador da Rede Cultura 2027, que prepara a candidatura de Leiria, para esses momentos estão confirmados, entre outros, os nomes dos investigadores e pensadores Alexandre Quintanilha, François Matarasso, José Tolentino Mendonça e Kepa Korta, “quatro referências que têm procurado responder a reflexões sobre o homem e a nossa vida em comunidade”.

Hoje, na abertura do congresso, Paulo Lameiro lamentou a situação em que se encontram Rijeka, na Croácia, e Galway, na Irlanda, atuais capitais europeias da cultura afetadas pela pandemia, e vaticinou: “Nós e a Europa estamos a repensar o que é uma capital europeia. Nunca mais haverá um planeamento da mesma forma, depois desta experiência”.