Os sindicatos dos motoristas manifestaram esta sexta-feira preocupação com as consequências para a intermunicipalização dos transportes na Área Metropolitana do Porto das perdas de 18 milhões de euros na STCP, indicadas em reunião pelo presidente da Câmara de Valongo.

O porta-voz das organizações sindicais de motoristas, Jorge Costa, disse ter recebido do presidente do município, José Manuel Ribeiro, uma cópia de um “ofício que foi enviado a todos os presidentes de câmara na sequência do buraco financeiro que a crise provocada pela Covid-19 abriu” na Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP).

No ofício a que a Lusa teve acesso, o autarca expressa preocupação pela situação financeira da empresa depois da informação recolhida numa reunião a 28 de abril com o conselho de administração da STCP.

Na carta, dirigida aos presidentes das câmaras do Porto, Vila Nova de Gaia, Matosinhos, Gondomar e Maia, José Manuel Ribeiro descreveu os três cenários financeiros que lhe foram expostos pelo diretor financeiro da empresa, que discriminam perdas de oito, 13 e 18 milhões de euros, conforme o espaço temporal em análise.

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Alegando “imperativos de prudência, rigor e de boa-fé”, o autarca de Valongo defendeu, por isso, com “urgência, promover a revisão dos pressupostos económico-financeiros que suportaram o modelo inicial”, segundo a carta.

Em declarações à Lusa, o autarca socialista “reconheceu a extraordinária dedicação ao serviço público de transportes durante todo o período de pandemia por parte dos trabalhadores da STCP” e reiterou “o total envolvimento do município de Valongo no processo de intermunicipalização da STCP”.

“Manifestamos forte apreensão e preocupação com os impactos muito violentos do surto epidémico da Covid-19 na operação e nas contas da STCP no corrente ano, designadamente a necessidade de avaliar com toda a verdade o défice financeiro e as suas implicações no processo de intermunicipalização da STCP”, acrescentou o autarca.

Perante este cenário, e lembrando que o “processo já deveria estar concluído no final de 2019, conforme assumido por todos os municípios no memorando de entendimento assinado com a tutela, e onde as contas refletiam determinados valores, o sindicalista Jorge Costa quer decisões rapidamente.

“As correções salariais acordadas em 2018 já haviam de ter acontecido em janeiro de 2020 e, ao continuarem sem acontecer, os sindicalistas dão um prazo até ao final de maio para haver uma solução, seja entre municípios ou entre municípios e a tutela”, alertou o porta-voz.

“Demos a cara na fase crítica da pandemia, não faltámos com a oferta em toda a área em que a empresa opera enquanto os operadores privados desapareceram. Por isso queremos a revisão salarial e o acordo de empresa atualizados”, exigiu o porta-voz dos sindicatos e membro do Sindicato Nacional dos Motoristas.

Portugal contabiliza 1.114 mortos associados à Covid-19 em 27.268 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde sobre a pandemia.