O novo trabalho, que vai ser lançado nas plataformas digitais a 28 de maio, foi surgindo como “um processo natural”, já que depois do lançamento do disco homónimo e de estreia, em 2016, a dupla se concentrou mais em tocar ao vivo e, a partir de 2018, começou a pensar “mais a sério num novo disco”.

“Estávamos a tentar transmitir uma certa fantasia, uma ideia desses cenários, mas a realidade agora mudou bastante e esse cenário é mais real que nunca. Estamos a entrar num mundo distópico. Não é um álbum negativo, não quero que seja, mas é um álbum que, neste momento, me faz sentir um pouco confuso, porque o que era só uma ideia ou uma fantasia se está a tornar na realidade em vários aspetos”, confessou.

Em declarações à Lusa, Pedro Oliveira, uma das metades da banda, completada com o baixo de Pedro Chau, explicou que o disco não tem um conceito, mas o imaginário dos dois músicos enraizado na “ficção científica em cenários pós-apocalípticos”, numa altura em que a realidade se assemelha a uma “distopia”.

“Foi um percurso de experimentação. Chegámos ao fim e gravamos temas mais recentes, não aproveitamos nada do que ficou, o caminho é que nos levou a que estes temas fossem opção. É um trabalho de quatro anos, mas não tivemos quatro anos a pensar no álbum. Fomos trabalhando e quando chegou a altura de gravarmos alguma coisa foi o que fizemos”, explicou.

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Na sua génese, os Ghost Hunt tentaram criar um som que fosse a “amálgama de tudo” o que têm experienciado na música, aproveitando as várias influências artísticas para criar algo que fosse só seu, e neste novo “II” têm conseguido aproximar-se do som que configuram como próprio.

“Quando digo que transportamos para música aquilo que consumimos no nosso dia-a-dia, gostava que algumas dessas coisas fossem transmitidas às pessoas e elas compreendessem algumas delas. Estamos numa altura em que só podemos fazer isso pelo disco, não temos contacto direto com o público. Espero que o disco faça sentido para quem o ouça e cada um o interprete à sua maneira. É um disco de ideias e remete para um imaginário”, indicou Pedro Oliveira.

Para o músico, este projeto é um “trabalho de muita liberdade e experiências diferentes”, é daí que retiram “prazer”, seja a tocar temas novos ao vivo ou a trocar de instrumentos, e que pode sofrer alterações, como a introdução de voz nas músicas, apesar de não ser um aspeto “essencial”.

“Estamos satisfeitos em fazer música instrumental por agora, não quer dizer que no futuro não possa acontecer. Se aparecer a oferta e oportunidade para fazer, mas é um trabalho entre nós os dois, nenhum de nós quer cantar e focamo-nos mais na parte instrumental que é o que nos interessa. Não temos necessidade de ter um tema cantado por obrigação”, disse.

Apesar de a pandemia da Covid-19 ter adiado o lançamento do disco em formato físico e afetado os concertos da banda, não retirou o desejo em avançar com a edição do mesmo e, apesar de imprevisibilidade da situação, a dupla vai continuar a trabalhar da mesma forma.

“Não temos grande pressa em fazer as coisas, já tenho trabalhado em coisas novas para usar, ainda não sabemos bem como, mas há de surgir uma oportunidade para apresentar as músicas. A nós interessa-nos a música e a coerência das nossas ideias. De resto, o que aparecer é ótimo e é bem-vindo, mas estamos sempre mais focados em trabalhar a nossa música. Depois logo se vê o que acontece a seguir”, apontou.