Seriam 2h da madrugada do passado 12 de março quando um dos enfermeiros que assistiu Ihor Homenyuk, o ucraniano então detido e manietado com fita adesiva, ligaduras e algemas, numa sala do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, no Aeroporto de Lisboa, avisou os inspetores de que, “face à sua condição”, o homem precisava de cuidados médicos e devia ser levado a um hospital.

Não aconteceu. Seis horas depois, Ihor, de 40 anos, estaria morto. Os três inspetores foram entretanto detidos e encontram-se, como o Observador noticiou no início de abril, em prisão domiciliária, por causa da pandemia de Covid-19.

Pedidos de silêncio e informações falsas. Como os inspetores do SEF terão ocultado o bárbaro homicídio de Ihor

De acordo com a descrição que o enfermeiro fez à Polícia Judiciária, citada na edição deste domingo do Público, o ucraniano, que esteve durante 15 horas preso numa sala, estava assustado: de cada vez que se aproximava para lhe administrar medicamentos e calmantes, Ihor protegia a face, que na altura já revelava uma escoriação no lado direito, com os braços. Tinha uma das mangas do casaco descosidas e tentou por várias vezes seguir o enfermeiro para fora da divisão.

Questionado pelos inspetores da PJ sobre se Ihor Homenyuk representava ou não uma ameaça, o mesmo enfermeiro respondeu que não lhe pareceu que o ucraniano fosse tornar-se violento.

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