O Conselho Económico e Social (CES) criticou a falta de um relatório analítico da Segurança Social e voltou a alertar para atrasos nos pagamentos aos fornecedores, numa audição sobre o parecer à Conta Geral do Estado (CGE) de 2018.

A audição, feita na Comissão de Orçamento e Finanças, do parlamento, por videoconferência, explicou os principais pontos negativos e positivos que o órgão encontrou no documento, numa altura em que os trabalhos parlamentares têm estado condicionados pela pandemia de Covid-19.

Na reunião, António Correia de Campos, presidente do CES, reconheceu que a Segurança Social fez “progressos na sua afinação”, face a anos anteriores, mas considerou que são ainda “insuficientes, sobretudo tendo em conta o relatório analítico, que não estava pronto a tempo”.

Por sua vez, Francisca Guedes de Oliveira, relatora do parecer, chamou a atenção “para as dívidas aos fornecedores”, sublinhando que há uma melhoria, mas cresceram os prazos médios de pagamento, uma critica, aliás, que tem sido feita em anos anteriores.

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No parecer, publicado no site do parlamento, o CES salientou que “além do seu significado enquanto (mau) exemplo, releva, também, pelo impacto económico na cadeia de transações, aumentando a incerteza e penalizando o crescimento económico. Neste particular dos pagamentos em atraso, sobressaíram as entidades dependentes do Ministério da Saúde”, referiu o organismo.

Na audição, Correia de Campos deu conta também de aspetos positivos na CGE de 2018, destacando que a apresentação ao parlamento “foi bastante atempada”, com “melhorias na clareza” e contendo um sumário executivo, o que significa que foram acolhidas “preocupações de pareceres anteriores”.

Por outro lado, o presidente alertou para uma “linguagem excessivamente técnica”, que pelo menos no sumário executivo deveria ser mais simples.

Questionado sobre a situação da Segurança Social, Correia de Campos referiu que há duas linhas opostas, uma de “catastrofistas” que acham que vai à falência e os “otimistas” que acreditam que “está para durar 100 anos”.

O presidente do CES defendeu uma “posição intermédia”, realçando a importância do “aumento do emprego” nas contribuições, mas alertando que é preciso incluir nesta análise a “imigração”, tendo em conta as previsões para a curva demográfica nacional.

Respondendo a uma pergunta sobre se o reforço do investimento público em 2018 nos hospitais tinha facilitado a resposta à pandemia, Correia de Campos disse que era uma previsão “muito difícil” de fazer há dois anos e que quem propusesse um aumento tão grande de equipamentos de respiração assistida como aquele que tem sido levado a cabo seria considerado um “lunático”.

“Para mim o surpreendente foi como transformamos serviços no Serviço Nacional de Saúde” para combater a Covid-19, elogiou o presidente do CES, sublinhando que os “médicos e enfermeiros desdobraram-se em disponibilidade”.