A Câmara Municipal do Porto revelou esta segunda-feira alguns números sobre o programa de rastreio aos lares e instituições com pessoas com deficiência e sem-abrigo da cidade e também relativamente aos utentes que foram acolhidos no Hospital de Campanha. De acordo com a autarquia, foram testadas 5.714 pessoas neste programa, sendo que 1,7% da população em lares de idosos, entre idosos e funcionários, testou positivo à Covid-19 — 1,4% correspondente a população idosa. A autarquia já está a preparar um programa de visitas controladas nos lares, estando à espera das normas a seguir.

De acordo com os dados que constam num relatório apresentado por Rui Moreira esta segunda-feira ao Executivo, o primeiro programa de rastreio municipal aos lares da cidade abrangeu 2.064 idosos de 78 lares e 572 cidadãos com deficiência, sem-abrigo ou jovens institucionalizados e com HIV e ainda os restantes funcionários das instituições, sendo que os infetados encontrados nas unidades residenciais correspondem a cerca de 1% da população. Já entre utentes e trabalhadores de unidades residenciais para pessoas com deficiência, sem-abrigo ou jovens e infetados com VIH, 0,5% testou positivo à Covid-19.

“O rastreio começou a 28 de março e foi o primeiro programa de rastreio em Portugal, tendo sido também o único com a característica de ter incluído todos os lares e todos os utentes, independentemente de apresentarem ou não sintomas ou de terem tido qualquer contacto identificado”, acrescenta a Câmara Municipal em comunicado, sublinhando que este programa previa que, “sempre que fossem encontrados utentes infetados, a população positiva e negativa deveria ser separada”, o que levou ao acolhimento de 28 pessoas com teste negativo na Pousada da Juventude.

A explicação para o baixo número de infetados em lares no Porto, que é quase residual, resulta, segundo o documento, do bom trabalho realizado pela rede social da cidade, que muito cedo aplicou as recomendações de confinamento e distanciamento social, protegendo a população idosa institucionalizada, mas também ao desenvolvimento profilático do programa, que não apenas permitiu o diagnóstico muito precoce, como foi uma enorme oportunidade de formação das instituições e afastamento dos funcionários que testavam positivo”, refere a Câmara Municipal do Porto em comunicado.

O relatório apresentado indica ainda que “foi encerrado um pequeno lar ilegal e totalmente desestruturado, onde a população de utentes e trabalhadores se encontrava com elevado grau de infeção”. A autarquia prepara-se agora para a segunda fase deste programa de proteção de idosos, estando a aguardar as indicações da Direção-Geral de Saúde (DGS) sobre as visitas aos lares, “para proceder a um vasto programa de visitas, fornecendo EPIs aos familiares e idosos e promovendo ações de formação em todos os mais de 70 lares da cidade para que estas visitas não venham a provocar novos focos de infeção”.

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“Agora que o Porto antecipou a crise e protegeu os seus idosos é preciso não deixar que o trabalho se estrague. Como é necessário não deixar, de forma permanente, isolados os utentes dos lares que, em alguns casos, há dois meses não veem familiares”, sublinha a Câmara Municipal do Porto.

27 doentes tratados no Hospital de Campanha Porto.

No caso do “Hospital de Campanha Porto” — montado no Super Bock Arena/Pavilhão Rosa Mota para receber doentes assintomáticos que não têm condições de fazer o isolamento em casa, que tenham alguma disfunção de outras doenças não-respiratórias (e que precisam de cuidados médicos básicos) e ainda os que estão na fase de recuperação –, a autarquia indica que foram tratados até agora 27 doentes com Covid-19, sendo que nove já tiveram alta médica. Também neste espaço foram acolhidos doentes oriundos de lares e que precisaram de assistência.

A primeira doente que entrou neste hospital de campanha, “uma refugiada iraniana, residente no Porto, que tinha sido mãe há pouco tempo e se encontrava infetada”, teve alta no domingo, depois de estar 25 dias no hospital de campanha. Os doentes que por aqui passaram tinham uma média de 68 anos (o mais novo tinha 36 e o mais velho 92), sendo que a maior parte dos doentes com alta foi para casa e um foi para a Pousada da Juventude.

Comida servida em plástico, desinfeção em zona neutra e controlada, trocas a cada 3 horas. No interior do Hospital de Campanha do Porto

“Este hospital de retaguarda permitiu aliviar os hospitais de São João e Santo António de uma forte pressão de internamento criada pela pandemia COVID-19, estando a receber doentes desde 14 de abril”, refere a autarquia. ainda mais números sobre este hospital: cinco mil refeições e 22 mil garrafas de água consumidas, 1.050 contentores de resíduos tratados, sendo 8 toneladas de resíduos gerais e 2,4 toneladas de resíduos hospitalares enviados para tratamento, e a lavagem de quase quatro mil fardas e mais de 3,8 toneladas de roupa hospitalar.