O título do La Stampa (“somos oposição, mas ajudamos o Governo contra o vírus”) até não seria uma novidade num jornal português mas Rui Rio foi mais longe na entrevista que concedeu ao matutino italiano. Desafiado a apontar as falhas do Executivo socialista, o líder da oposição subiu o tom: “Il governo ha speso troppo tempo a fare marketing di se stesso.” A palavra marketing salta à vista, numa frase que em português quer dizer: “O Governo passou demasiado tempo a promover-se” durante a pandemia. Rio destacou que o PSD fez “precisamente o contrário” e deixou a parte da propaganda política de lado.

Na entrevista publicada no último domingo, Rui Rio classificou algumas falhas do Executivo do PS como “erros compreensíveis” mas afirmou que “na gestão do caso dos lares, o Governo devia ter sido mais eficaz“.

Antes destas farpas, o líder da oposição passou a maior parte da entrevista a explicar como deu a mão a António Costa contra o vírus. “Dada a gravidade da situação que o país vivia, o PSD escolheu a cooperação com o Governo. Preferimos ajudar a encontrar soluções, em vez de criar obstáculos que criassem problemas”, disse Rio ao jornal italiano. O presidente do PSD explicou que adotou esta postura porque “se o Governo falhar, significa que Portugal falhou e todos nós, maioria e oposição, estamos do lado de Portugal”.

Sobre se esta posição do PSD foi importante para conter a pandemia, Rio diz que se limitou a colaborar naquilo que era “obrigatório para qualquer partido responsável” e repetiu que “o PS é adversário, mas o inimigo é Covid-19”. Esta estabilidade política, acredita Rio, tem sido “importante no reforço da unidade nacional e para que os portugueses tivessem disciplina no respeito das regras da luta contra a pandemia”. E reitera: “Neste caso, o sucesso do primeiro-ministro é o sucesso de um país, o sucesso das famílias “.

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Rui Rio diz que, nas situações de emergência, não é preciso suspender o combate político, mas a oposição deve ter “uma atitude construtiva”, em que “pode e deve criticar o Governo, mas quando essa crítica servir para responder problemas concretos, e sem fazer ataques para obter vantagens eleitorais”. O presidente do PSD diz que a “unidade nacional” na política e o comportamento do povo português foram importantes para conter o vírus.

Sobre o facto de Portugal ter dado direitos aos requerentes de asilo para que tivessem o mesmo direito que os residentes, Rio não deixou escapar a semântica. O jornalista perguntou sobre esta benesse a “imigrantes ilegais” e o presidente do PSD disse que “o que é ilegal, como o nome indica, é sempre para ser combatido”, mas que as pessoas que já estão no país devem ser tratadas de acordo com a lei.

Rui Rio disse ainda que partilhava da posição do Governo português quando este criticou os países do norte da Europa, nomeadamente a Holanda, acrescentando que a União Europeia tem de perceber que está num “momento decisivo”.