A polémica rebentou nas redes sociais, mas vai muito para além dela, envolvendo já deputados e pedidos de audição do ministro dos Transportes. A companhia aérea espanhola Iberia está debaixo de fogo depois de vários passageiros do voo IB3838 deste domingo, que ligava Madrid à ilha Gran Canaria, terem denunciado, através de vídeos e fotografias, que o avião onde seguiram estava praticamente cheio, sem respeitar a distância social recomendada pelas autoridades de saúde a propósito da pandemia de Covid-19.

“Vergonha”, “bizarro” e “espetáculo lamentável” foram algumas das palavras utilizadas pelos passageiros da Iberia para definir a situação, nos posts que colocaram online.

Os voos entre o continente e as ilhas espanholas neste momento são permitidos, mas os passageiros têm de apresentar uma declaração de responsabilidade sobre os motivos da viagem, que devem ser “de força maio”. Vários dos passageiros deste voo esclareceram que, no aeroporto, onde mantinham distância, não lhes foi dito que voariam num avião quase lotado. Contudo, devido às suas queixas, à chegada à Gran Canária puderam apresentar queixa a um agente da Guardia Civil, segundo conta o El País.

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A Iberia respondeu às críticas esta segunda-feira, sublinhando que cumpre “todas as medidas” necessárias para proteger os seus passageiros e negando que seja obrigatório deixar um lugar de distância entre passageiros, como alegaram alguns dos queixosos. “Tanto a indústica, com a IATA [Associação Internacional do Transporte Aéreo] à cabeça, como o fabricante Airbus, afirmaram recentemente que o bloqueio do assento central é uma medida que não é necessária para fornecer mais segurança, porque o avião tem características espécificas que tornam o risco de contágio baixo”, disse a companhia em comunicado, citado pelo La Vanguardia, apontando ainda a utilização dos filtros HEPA no ar condicionado do avião, que têm uma eficácia de “99,99%”, de acordo com a Iberia, a eliminar vírus e bactérias.

Para além disso reforçam, como nota o El País, que as orientações dadas pelo estado de alarme indicam apenas que as empresas de transportes “devem procurar a máxima separação, mas não apontam restrições específicas”.

A situação foi de tal forma polémica que já levou o presidente do governo autónomo das Canárias, Ángel Víctor Torres (PSOE) a anunciar que está a analisar a situação “para que se apurem as responsabilidades pertinentes”. Mas outros deputados no Congresso nacional, de diferentes partidos nas Canárias, querem ir ainda mais longe. A deputada da Coligação Canária, Ana Oramas, e o deputado do Nova Canárias Pedro Quevedo pediram a intervenção imediata do Ministério dos Transportes neste tema.