Impactado pela pandemia, o setor de serviços no Brasil caiu 6,9% em março face ao mês de fevereiro, registando o pior resultado da série histórica iniciada em 2011 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o IBGE, os impactos observados foram sentidos especialmente no último terço do mês de março, quando começaram as medidas de isolamento social devido à pandemia de Covid-19.

“Essa queda é motivada, em grande parte, pelas paralisações que aconteceram nos estabelecimentos, sobretudo nos restaurantes e hotéis, que fazem parte dos serviços prestados às famílias”, explicou Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa do IBGE. “Outras empresas também sentiram bastante depois do fechamento parcial ou total, como os segmentos de transporte aéreo e algumas empresas de transporte rodoviário coletivo de passageiros”, acrescentou.

Todas as cinco atividades pesquisadas tiveram quedas, com destaque para serviços prestados às famílias (-31,2%) e transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-9%).

“Os serviços prestados às famílias tiveram a queda mais intensa desde o início da série histórica, enquanto transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio tiveram a segunda queda mais intensa da série, ficando atrás apenas de maio de 2018, quando ocorreu a greve dos camionistas”, explicou o relatório do IBGE.

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As outras atividades do setor de serviços brasileiro que tiveram queda em março foram serviços profissionais, administrativos e complementares (-3,6%), informação e comunicação (-1,1%) e outros serviços (-1,6%).

Regionalmente, 24 dos 27 estados brasileiro registaram resultados negativos em março, quando comparado a fevereiro, com destaque para São Paulo (-6,2%) e Rio de Janeiro (-9,2%), pressionados pelos segmentos de alojamento e alimentação. Os únicos impactos positivos vieram do Amazonas (1,9%), de Rondônia (3,1%) e do Maranhão (1,1%). Na comparação com março de 2019, o volume do setor de serviços no Brasil recuou 2,7% em março de 2020.

“Essa taxa de 2,7% interrompe uma sequência de seis taxas positivas. A retração dos serviços prestados às famílias foi pressionada pelos segmentos de hotéis e restaurantes e os serviços profissionais, administrativos e complementares, pressionados pelas empresas de administração de programas de fidelidade, vigilância e segurança privadas, atividades correlacionadas à engenharia, entre outras”, concluiu o gerente da pesquisa do IBGE.

O Brasil registou oficialmente 168.331 casos e 11.519 mortes provocadas pelo novo coronavírus, segundo dados do Ministério da Saúde. A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 286 mil mortos e infetou mais de 4,1 milhões de pessoas em 195 países e territórios.