Não é difícil imaginar que esta semana Bryan Adams tenha tido uma segunda-feira negra. Tudo começou quando o cantor e compositor canadiano, visivelmente chateado, descarregou a fúria nas redes sociais. Eis a prosa que publicou:

Hoje à noite era suposto começar uma série de concertos no Royal Albert Hall [sala de concertos londrina], mas graças a uma m**** de ideia de comer morcegos, à venda de animais em ‘mercados molhados’ [habituais na China] e a sacanas gananciosos fazedores de vírus, todo o mundo está agora em pausa, para não falar dos milhares que sofreram ou morreram deste vírus. A minha mensagem para eles [os responsáveis], em vez de ser ‘f***-**, obrigado’, é esta: tornem-se vegans”.

A publicação foi tudo menos consensual, como é habitual na internet, porventura desta vez pela especulação abrangente sobre a origem do novo coronavírus, que ninguém consegue saber ao certo qual foi — o que não impediu o autor de “Summer of 69” de imputar a origem do SARS-CoV-2 a coisas tão diversas quanto especulação financeira (implicitamente, pela acusação de ganância), crueldade animal e alimentação à base de morcegos.

As críticas chegaram, por fãs, mas também por outras figuras como Amy Go, a presidente de uma organização canadiana que tenta promover a justiça e equidade de tratamento “para todos” no Canadá — com especial preocupação com atos de racismo ou xenofobia que tenham como alvo população asiática ou descendente de asiáticos. Em declarações à CBC News, Amy Go alertou: “As pessoas tendem a olhar para as figuras públicas. Ele é visto como um ídolo por muitos. Isto legitima um ódio racista contra chineses… é tão irresponsável e é tão, tão, tão, tão racista”.

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Depois de uma segunda-feira complicada, primeiro pela frustração pela ausência de concertos e depois pela controvérsia gerada pelas palavras que publicou nas redes sociais, Bryan Adams tentou emendar a mão esta terça-feira, escrevendo aos seus seguidores: “Peço desculpa a todos os que se sentiram ofendidos com aquilo que publiquei ontem. Não tem desculpa, mas a única coisa que queria era indignar-me contra a crueldade animal horrível que se vê nestes mercados selvagens que podem ser uma fonte possível do vírus — e promover o veganismo. Amo todas as pessoas e os meus pensamentos estão com todos os que lidam com esta pandemia por todo o mundo”.

Em troca, talvez para compensar, os fãs levaram com uma versão caseira do tema “Into the Fire” — tema que deu título a um álbum editado pelo músico no longínquo ano de 1987, quando nem Bill Gates previa o aparecimento de um novo surto viral pandémico. Ora veja: