O bastonário da Ordem dos Médicos sublinhou esta terça-feira que as câmaras de proteção dedicadas à entubação, que estão a ser entregues aos hospitais, “podem e devem” ser utilizadas para tratar outros doentes além da Covid-19. “Isto é um equipamento que surgiu por causa da Covid-19, mas é evidente que este tipo de equipamento dá para qualquer doente e vai ser usado, seguramente, em doentes que nós antecipadamente sabemos que estão infetados e que é necessário aumentar o nível de proteção”, disse Miguel Guimarães.

O bastonário da Ordem dos Médicos visitou esta terça-feira o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, para assistir a uma demonstração de como estas novas caixas de proteção, desenvolvidas em parceria com a indústria portuguesa, são utilizadas durante a entubação e/ou extubação de doentes.

No total, são cerca de 500 os equipamentos que já começaram a ser distribuídos por hospitais, públicos e privados, em todo o país, uma doação que resulta da conta do movimento “Todos Por Quem Cuida” criada pela Ordem dos Médicos e Ordem dos Farmacêuticos, com o apoio da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma) e da sociedade civil.

Sem saber precisar o número de câmaras já recebidas pelo Hospital de Santa Maria, o diretor clínico do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN) adiantou que algumas delas já começaram a ser utilizadas. Luís Santos Pinheiro admitiu que a introdução do equipamento na prática médica implica um trabalho de adaptação dos médicos, mas sublinha que “o ganho de segurança que têm ultrapassa as dificuldades com que lidam neste momento”.

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Segundo o diretor clínico, as câmaras de proteção, que estão disponíveis para utilização em blocos operatórios e nas Unidades de Cuidados Intensivos (UCI), vão sobretudo permitir “incrementar a segurança dos profissionais num contexto de transmissão potencial de infeção”, não só do novo coronavírus, mas também de outras doenças infecciosas.

Estes equipamentos são dedicados a procedimentos em que existe um elevado risco de produção de aerossóis, como a entubação e/ou extubação, e o objetivo é que as caixas — amovíveis e laváveis — funcionem como uma barreira física entre o doente e os médicos. Segundo o bastonário da Ordem dos Médicos, a totalidade dos equipamentos custou cerca de 140 mil euros, angariados pela conta do “Todos Por Quem Cuida”, que já recebeu mais de 1,2 milhões de euros.

A bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, que esteve também presente, sublinhou que as câmaras foram produzidas em Portugal, desenhadas e testadas por especialistas, com a colaboração da indústria portuguesa. “Temos dado uma prioridade absoluta neste fundo à aquisição de materiais de empresas nacionais, todas aquelas que estão a produzir e que tiveram de se reinventar para proteger emprego e, dessa forma, adequaram-se àquilo que era preciso para o país”, elogiou Ana Paula Martins, considerando que a industria portuguesa está a “readquirir soberania”, em particular no setor da saúde.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 286 mil mortos e infetou mais de 4,1 milhões de pessoas em 195 países e territórios. Portugal contabiliza 1.163 mortos associados à Covid-19 em 27.913 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.