“O Tianjin Tianhai FC é um clube de futebol chinês extinto. A equipa estava sediada em Tianjin”. Durante 14 anos, a equipa teve quatro nomes distintos: Hohhot Binhai, Tianjin Songjiang, Tianjin Quanjian e Tianjin Tianhai. E teve um total de 17 treinadores (mais quatro interinos), entre os quais os portugueses Manuel Cajuda (ainda no segundo escalão) e Paulo Sousa (já na Primeira Liga) ou nomes consagrados como o brasileiro Vanderlei Luxemburgo ou o italiano Fabio Cannavaro. E demorou uma década para atingir o principal escalão, num ano de 2016 que coincidiu com o único título, o Campeonato da 2.ª Divisão. Agora, acabou. E a culpa também é da pandemia.

Não foi a primeira vez que a equipa atravessou problemas, longe disso. Inicialmente, os constantes falhanços na subida de divisão promoveram uma pouco usual dança de treinadores que em nada ajudava a estabilizar todos os alicerces de uma nova equipa. Depois, a partir de 2015, a entrada em cena da Quanjian Nature Medicine, parte do gigante Quanjian Group (companhia de fitoterapia, que já tinha sido proprietária de uma outra equipa até rasgar o acordo por desavenças na política de contratações), chegou a ascensão e queda em versão acelerada: com jogadores como Jadson, Luís Fabiano, Witsel ou Pato nessa fase, o clube chegou à Liga principal em 2017, atingiu mesmo os quartos da Champions asiática em 2018 mas tudo ruiu quando o Quanjian Group foi acusado de ilegalidades e propaganda falsa e o seu dono, Shu Yuhui, acabou mesmo detido, no início do ano passado.

Além de um plano ilegal de marketing, semelhante às práticas dos esquemas em pirâmide, a investigação feita pelas autoridades centrou sobretudo atenções na publicidade falsa e no caso em específico de Zhou Yang. Como contou o South China Mourning Post, o pai da criança aceitou que a filha tentasse curar um cancro não num hospital pediátrico mas com uma bebida feita à base de ervas medicinais da empresa, acreditando na informação (falsa) de que conseguia curar a doença. Dois anos depois, veio mesmo a falecer. O caso ainda chegou a tribunal, a família perdeu por falta de provas mas a publicação do caso acontecido entre 2013 e 2015 numa conta do WeChat de médicos foi o ponto de partida que levou as autoridades a formularem a acusação em 2018.

A partir daí, as questões financeiras, que na verdade nunca tinham sido antes uma questão, começaram a agravar-se. Com menos investimento, a equipa ficou perto da descida de divisão mas aguentou-se. Agora, durante a paragem, os jogadores chegaram a abdicar a 100% dos salários mas nem isso conseguiu evitar a falência.

“Devido à situação financeira insustentável, o clube não consegue mais manter as suas operações normais. Após um período de consideração cuidadosa, o clube não tem outra escolha a não ser anunciar formalmente que Tianjin Tianhai está em dissolução”, explicou a formação chinesa que não aguentou o adiamento do arranque das provas nacionais de fevereiro para junho e que será substituída pelo Shenzhen na Primeira Liga do país. “O drama de Tianhai acabou!”, escreveu o Beijing News, sendo que o último capítulo podia ter sido diferente porque o clube ainda esteve em negociações, que depois ruíram, com a empresa de investimento imobiliário Vantone.

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