Ao fim de quase dois meses interditada, a praia da ilha do Porto Santo, na Região Autónoma da Madeira, reabriu este domingo, 10 de maio, sem grande afluência de banhistas e sem qualquer ocorrência de desacatos — foi a primeira do país a fazê-lo como parte da segunda fase de desconfinamento em tempos de pandemia.

Ao contrário do que se verifica, por exemplo, em Cascais, cuja autarquia admite ter militares a fiscalizar o areal, além de pretender adquirir drones de modo a reforçar a vigilância, no Porto Santo cabe única e exclusivamente à Polícia Marítima fazer o patrulhamento da linha de praia. A fiscalização é “permanente”, com rondas periódicas, e feita “com recurso a quadriciclos”, confirma ao Observador a Capitania do Porto de Porto Santo. O veículo utilizado permite percorrer todo o areal, que se estende ao longo de nove quilómetros. Foi também esta entidade que patrulhou a praia durante o isolamento social.

A vigilância é ainda feita “na base da sensibilização e recomendação aos utentes para cumprirem com o distanciamento social e evitarem aglomerados de pessoas na praia” e nas áreas circundantes. O distanciamento implica um espaço de dois metros entre as pessoas. A aglomeração, ainda que não haja número oficial, remete para um número acima de dez pessoas. Essas são, de resto, as regras para frequentar a praia, tal como estipulado pelo governo regional. Além disso, os balneários vão permanecer fechados, bem como os bares, cafés e restaurantes de apoio à praia — ainda não há data prevista para uma eventual reabertura.

“Neste momento não há [mais] nenhuma limitação. Cada dia é um dia, cada semana é uma semana. Espero que as coisas não se compliquem”, comenta ao Observador o presidente da Câmara do Porto Santo, Idalino Vasconcelos, ele que foi dos poucos banhistas a “estrear” o areal no último domingo. Até ver, a extensão de areia da ilha não tem qualquer sinalização — uma situação que deverá ser resolvida em breve, ainda antes do verão. “É possível que tenha de pôr sinalização e alertar para o distanciamento.”

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“Penso que não vai ser necessário usar militares”, diz o autarca, fazendo uma comparação com as praias de Cascais. Em relação aos drones, admite a possibilidade de os utilizar, embora não sinta que essa seja uma necessidade, até porque em 2020 os turistas serão muito menos. “Este ano estamos a contar com turismo regional e nacional.” A época balnear deve arrancar a 1 de junho.

Poucos banhistas e pessoas muito espaçadas

Ao Observador, Rubina Brito, do gabinete do Ambiente da Câmara Municipal, esclarece também que não foi preciso recorrer a outros meios de patrulhamento e que até agora não existiram quaisquer desacatos. “Não temos turistas. A população da ilha é de 5 mil habitantes e grande parte não foi à praia.” Poucos banhistas e pessoas muito espaçadas é também a perceção de Rui Gouveia, diretor-geral dos hotéis do Grupo Sousa no Porto Santo, com vários estabelecimentos junto à praia.

Já Rui Mendonça, responsável por uma cervejaria na ilha, diz que a presença da polícia é notória, mas que não há relatos de desobediência. “Eles passam numa moto 4 de vez em quando, mas, aqui, a população acata bem as ordens”, continua. Mendonça — que contesta a falta de acesso à praia durante o estado de emergência — afirma ainda que, nos primeiros dias após a reabertura, foram poucos os locais que se dirigiram ao areal. “No domingo ainda deram uns mergulhos. Na segunda já não. Não houve muitas pessoas, mas o presidente da câmara quis dar o exemplo”, conta.

“As Praias do Porto Santo têm tido pouca afluência, os residentes estão a cumprir com dever cívico de recolhimento e só alguns cidadãos fazem caminhadas ao longo da praia”, refere ainda ao Observador a Capitania do Porto de Porto Santo. Desde o dia 19 de abril que a ilha não regista novos casos de infeção pelo novo coronavírus.