Em Portugal, Zé Luís, Soares, Danilo e Francisco Geraldes foram os jogadores que surgiram publicamente a criticar o Código de Conduta apresentado pela Direção-Geral da Saúde como condição sine qua non para o regresso da Primeira Liga. Ou, pelo menos, a criticar o ponto desse mesmo Código de Conduta que defende que “Federação, Liga, clubes e atletas assumem, em todas as fases da competição e treinos, o risco de infeção”. Em Inglaterra, onde o recomeço da Premier League está preso pelas divisões entre clubes e pela possibilidade de jogar em estádios neutros, foi Danny Rose a assumir a dianteira.

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Durante um live na conta pessoal do Instagram, o internacional inglês explicou que está contra o regresso da competição, pelo menos a breve prazo, e acabou por responder diretamente a Boris Johnson. “Nem devíamos falar de futebol até os números baixarem massivamente. As vidas das pessoas estão em risco. É uma loucura. Eu não quero saber do moral da nação, pá”, disse o lateral esquerdo, nesta altura emprestado pelo Tottenham ao Newcastle. Rose referia-se ao discurso de Johnson na Câmara dos Comuns, esta segunda-feira, onde o primeiro-ministro britânico defendeu que o recomeço do desporto, mesmo sem adeptos nas bancadas, iria “garantir um empurrão muito necessário ao moral da nação”.

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Mas a verdade é que Danny Rose não foi o único a demonstrar receios quanto ao recomeço do futebol. Raheem Sterling, avançado do Manchester City e da seleção inglesa, também aproveitou um vídeo na conta pessoal do YouTube para referir que não está “com medo” mas sim “com receio”. “O momento em que voltarmos tem de ser um momento em que não é apenas para o futebol. Tem de ser um momento em que seja seguro não apenas para nós mas também para a equipa técnica, para os médicos, árbitros. Até aí, não tenho medo mas tenho receio e penso no pior cenário possível”, explicou Sterling.

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Esta terça-feira, a BBC diz que vários jogadores já informaram os respetivos clubes de que não pretendem voltar aos trabalhos na segunda-feira, dia 18, a data agendada para o regresso dos profissionais aos centros de treinos. Os atletas, que comunicam através de um grupo de WhatsApp, consideram que não estão a ser ouvidos nas discussões e nos debates e estão muito reticentes quanto ao recomeço da Premier League. Na próxima quarta-feira, os jogadores vão reunir com a Premier League, os responsáveis sanitários e a Associação de Jogadores Profissionais para tentar chegar a um consenso comum.

Já esta segunda-feira, todos os clubes da Premier League voltaram a reunir para encontrar uma posição conjunta para discutir com o Governo as condições do reinício da competição. A principal divisão continua a ser a quase obrigatoriedade de as jornadas restantes serem disputadas em estádios neutros, ou seja, nos recintos que reúnam todas as condições absolutamente necessárias para a garantia da higiene e da segurança sanitária. Os seis clubes do fundo da tabela — Norwich, Aston Villa, Bournemouth, Watford, West Ham e Brighton — estão contra esta solução mas a verdade é que, da reunião desta segunda-feira, acabou por sair uma data provisória para o recomeço da Premier League: 12 de junho.