Uma equipa internacional, que envolveu um investigador do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), desvendou funções numa proteína que pode vir a ser fundamental para perceber algumas doenças neurodegenerativas, foi esta quarta-feira anunciado.

O i3S revela, em comunicado, que o estudo, publicado na capa da revista Developmental Cell, desvendou “o papel crucial” da proteína RILP na “limpeza e reciclagem” dentro das células do sistema nervoso central, comummente conhecido como autofagia.

Esta proteína também controla o transporte dos resíduos das células para os “centros de reciclagem especializados (autofagossomas)”, esclarece o instituto da Universidade do Porto, acrescentando que “a descoberta destas funções da RILP são fundamentais para compreender algumas doenças neurodegenerativas que resultam da acumulação de detritos celulares e do caos no transporte intracelular nos neurónios”.

O estudo publicado, desenvolvido por cientistas da Columbia University, em Nova Iorque, em colaboração com o investigador do i3S, Tiago Dantas, mostra “precisamente a importância da proteína RILP no processo de reciclagem dos neurónios, em que os motores tem de transportar as vesículas por longas distâncias”.

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Citado no comunicado, Tiago Dantas esclarece que a abundância desta proteína na célula “estimula o bom funcionamento do processo de reciclagem”, assim como “controla o momento adequado em que as vesículas de reciclagem se ligam aos motores para serem transportadas das extremidades até ao centro da célula, onde se agrupam em grandes centros de reciclagem”.

“Muitas das doenças neurodegenerativas resultam do mau funcionamento do tráfego dentro das células nervosas, quer pela simples acumulação de resíduos que não seguem corretamente para a reciclagem quer por haver um tráfego descontrolado e caótico que impede o bom transporte de outros componentes essenciais nas diferentes partes da célula”, refere.

Neste sentido, a proteína transforma-se numa “peça fulcral para evitar o caos no transporte celular”.

Segundo Tiago Dantas, o objetivo da equipa de investigadores a “longo prazo” passa por desenvolver novas terapias que melhorem a reciclagem e o transporte intracelular de modo a “reduzir a neurodegeneração”.