A final da Taça de Portugal desta temporada não será realizada no Estádio do Jamor, avança o jornal A Bola. De acordo com o desportivo, e tal como acontece com as 10 jornadas que faltam para terminar a Primeira Liga, a final entre FC Porto e Benfica terá de ter lugar num estádio que reúna todas as condições sanitárias e de higiene necessárias e obrigatórias e o Estádio Nacional, que tem mais de 75 anos, não cumpre com as normas delineadas.

A mudança do local da final da Taça de Portugal foi uma das decisões, portanto, que saíram das várias reuniões entre a Federação Portuguesa de Futebol e a Direção-Geral da Saúde. Excluído o Jamor, as soluções que estão a ganhar mais força nesta altura serão o Estádio Algarve e o Estádio Municipal de Aveiro, dois dos estádios mais modernos do país, ambos construídos para o Euro 2004, pouco utilizados e normalmente palco da Supertaça Cândido de Oliveira.

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Ainda assim, e apesar da mudança de local, a notícia é mais uma confirmação de que FPF, DGS e Governo pretendem que a Taça de Portugal seja concluída. De recordar que, em informações recolhidas pelo Observador, a FPF não garantiu desde a primeira hora que a final da Taça entre FC Porto e Benfica se realizasse. Na carta enviada à secretaria de Estado da Juventude e do Desporto, a Federação fez depender da decisão da DGS a existência de condições de segurança e de saúde pública a realização de jogos de futebol, sendo que qualquer solução final também tomaria ainda em linha de conta a opinião dos dois finalistas da prova.

Há quase duas semanas, porém, António Costa acabou por confirmar a realização da final da Taça de Portugal, quando anunciou as medidas de desconfinamento e na mesma declaração em que decretou a conclusão das 10 jornadas restantes da Primeira Liga e o término prematuro da Segunda Liga.

Praticamente confirmado este cenário em que a final da Taça de Portugal não será no Estádio Nacional, esta será a primeira vez desde 1982/83 em que a prova rainha do futebol português não termina no Jamor. Na altura, há 37 anos, a Federação entregou a realização da final da Taça à Associação de Futebol do Porto, que marcou o jogo para o Estádio das Antas. Curiosamente, também nessa temporada, os dois finalistas acabaram por ser FC Porto e Benfica. Confirmado o Clássico, os encarnados contestaram a realização da partida nas Antas, por considerarem que os dragões teriam a vantagem de jogar em casa.

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Em seguida, a Federação tentou convencer o FC Porto a jogar em estádio neutro, apontando o Estádio Municipal de Coimbra, casa da Académica, como a melhor opção. Os dragões recusaram a solução e ameaçaram não comparecer. Pinto da Costa, já na liderança do clube, convocou uma das Assembleias-Gerais mais participadas de sempre e pediu o respaldo dos sócios, lançando um ultimato: ou a final se jogava nas Antas ou o FC Porto não comparecia e descia de divisão. Os associados apoiaram o presidente e o ultimato seguiu para a Federação.

A época acabou mesmo por terminar sem que  se jogasse a final da Taça de Portugal, com todos os jogadores de férias e a polémica totalmente instalada. Por fim, o Benfica cedeu e aceitou jogar nas Antas, a 21 de agosto. Aos 20 minutos, Carlos Manuel marcou o único golo da partida e os encarnados de Sven-Göran Eriksson derrotaram o FC Porto de José Maria Pedroto, juntando a Taça ao Campeonato e conquistando a dobradinha na temporada 1982/83.