Depois de um primeiro inquérito revelar que 73% das startups portuguesas sentiu um impacto negativo provocado pela Covid-19 e 43,9% sofreu perdas nas vendas superiores a 60%, o cenário é mais otimista numa segunda parte do estudo feito pela Aliados Consulting, em parceria com a FES Agency. No entanto, apesar de haver uma melhoria nos resultados em alguns aspetos, o inquérito indica que 67,2% das startups teve de reduzir custos face ao contexto vivido, especialmente a nível dos serviços contratados e orçamento de marketing. Há ainda quem só tenha capital até aos próximos seis meses.

De acordo com o estudo “O Ecossistema de Empreendedorismo Português e a Covid-19 – Análise do Impacto”, mais de metade das startups inquiridas (59%) assume que o surto do novo coronavírus está a ter um impacto negativo no projeto, um valor que, no entanto, é inferior aos 73,1% que no primeiro inquérito optaram por esta resposta. Há também outro valor que mudou neste segundo estudo: enquanto antes 43,9% das startups estavam com perdas nas vendas superiores a 60%, agora são 32,4% que o assumem.

O inquérito — realizado entre 27 de abril e 6 de maio a 61 empreendedores, CEOs e diretores de startups portuguesas — revela ainda que 36,1% das startups está preocupada com um possível encerramento em consequência da pandemia, sendo que para 41% o valor da sua startup está a ser afetado negativamente (um valor inferior aos 62,8% que escolheram esta opção no primeiro inquérito).

“Agora, há mais startups que dizem estar a ser impactadas positivamente (13,1%) e que são das áreas da saúde ou da educação”, referem em comunicado as duas entidades responsáveis pelo inquérito.

Além disso, revela ainda o inquérito, 52,46% das startups tem esperança quanto à evolução das vendas nas próximas semanas, ainda que quase metade (49,2%) indique que tem apenas até seis meses de capital disponível, o que significa que “o prolongamento da situação pode ameaçar seriamente a sua sobrevivência”. Há ainda a informação de que 60,7% não está a levantar capital de risco e 72,13% está à procura de outras soluções para conseguir financiar a sua empresa, “seja através de projetos como Portugal 2020 ou setor bancário”.

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Quanto aos despedimentos, uma das grandes preocupações apresentadas devido à situação da Covid-19 que obrigou a parar praticamente os negócios, a grande maioria das startups inquiridas (90,2%) diz ainda não ter efetuado despedimentos, 8,2% assumiu que despediu 1% a 20% da equipa e ainda 1,6% indica que teve de despedir 21% a 40% da equipa.

A maior parte dos despedimentos, indica o inquérito, teve lugar na área de Marketing e Vendas (30%). Já em relação a cortes nos salários, 82% dos fundadores e presidentes das startups diz não ter realizado qualquer corte e 91,8% não planeia despedir membros da equipa nos próximos três meses, sendo que há até quem esteja a pensar em contratar (44,3%), especialmente na área da tecnologia.

O inquérito da Aliados Consulting e da FES Agency avaliou também a visão dos empreendedores relativamente às medidas de apoio que foram anunciadas pelo Governo para as startups e empresas portuguesas. O primeiro dado conhecido indica que a maior parte dos inquiridos (59%) diz não ter usufruído das medidas excecionais e temporárias de apoio às PMEs e microempresas. Das que aderiram a algum tipo de apoio, o mecanismo mais utilizado foi o layoff simplificado, com 11,5% das startups a usufruírem deste apoio.

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Já relativamente à relevância das medidas específicas para startups, os empreendedores não encontraram um consenso: 36,06% da amostra, por exemplo, considerou a medida “StartupRH Covid19” relevante ou muito relevante, mas 40,99% não vê relevância nesta medida. Utilizando um exemplo de outra medida que teve uma classificação pior, na “Startup Voucher”, por exemplo, 60,64% considera-a irrelevante ou pouco relevante.