Mais de 150 organizações de 17 países da América Latina e das Caraíbas pediram à comunidade internacional “apoio urgente” aos cinco milhões de venezuelanos que emigraram para escapar da crise e foram apanhados pela pandemia da Covid-19.

Entre as organizações está a Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM) que sublinharam o facto de que a pandemia da Covid-19 “ameaça a segurança e o futuro” dos migrantes e refugiados venezuelanos, e das comunidades que os acolhem”.

Num comunicado conjunto, o representante especial conjunto da ACNUR – OIM, Eduardo Stein, explica que as organizações humanitárias necessitam de 1,41 mil milhões de dólares (1,3 mil milhões de euros) de financiamento, dos quais um terço será usado para dar resposta à pandemia da Covid-19 que “expôs” os migrantes “a dificuldades ainda maiores, quando muitos já lutavam para sobreviver”.

Entre os maiores desafios, estão a perda de meios de subsistência, desalojamentos e o aumento da estigmatização. Muitos venezuelanos estão sem acesso a instalações básicas de saúde e higiene e sem capacidade de cumprir medidas de distanciamento físico”, explicou.

Segundo Eduardo Stein, “os venezuelanos estão a enfrentar fome, falta de acesso a assistência médica, perspetivas de falta de moradia e xenofobia” e “muitos também correm risco de violência, estigmatização, exploração e abuso de género” nos países de acolhimento.

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“Um número crescente de venezuelanos não tem mais alternativa se não considerar regressar à Venezuela, potencialmente de maneira irregular e perigosa, devido ao encerramento de fronteiras como medida de prevenção do coronavírus, o que implica riscos de saúde significativos”, salientou.

De acordo com a ONU, há ainda necessidade urgente de comida, abrigo e serviços de saúde, equipamentos de proteção individual.

Devem ainda ser lançadas unidades móveis de testes e reencaminhamento de casos positivos. Nos abrigos, vão ser criadas condições para o espaçamento físico e melhoradas as condições sanitárias”, apontou.

Segundo as agências, os venezuelanos precisam ser incluídos nas respostas nacionais de saúde, dos países de acolhimento, independentemente do seu status legal.

Embora a pandemia do Covid-19 ainda não tenha atingido o pico na América Latina, os serviços públicos de saúde, já sobrecarregados, vão continuar a enfrentar desafios nos próximos meses. Instamos a comunidade internacional a dar generosamente apoio” à Plataforma Regional de Coordenação entre Agências”, sublinhou Stein.

Quase cinco milhões de venezuelanos abandonaram o país desde 2015 para escapar à crise política, económica e social que afeta a Venezuela, naquele é que tido como a maior migração na história recente da América Latina.

Quase 4,2 milhões de venezuelanos optaram por permanecer na América Latina. A Colômbia, com 1,8 milhões, é o país que abriga o maior número de venezuelanos, seguido pelo Peru (861 mil), Chile (455 mil), Equador (366 mil), e Brasil (253 mil).

Após terem sido detetados os primeiros casos de coronavírus na América Latina, vários países encerram as suas fronteiras, entre elas a Colômbia e o Peru, a meados de março último, impondo obrigatoriamente o isolamento social ou quarentena preventiva da Covid-19.