O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China disse esta quinta-feira que as autoridades norte-americanas falharam no combate à pandemia de Covid-19 e que “abusaram da confiança do povo americano”.

Os EUA e a China estão numa escalada de tensão com acusações mútuas sobre erros e omissões na luta contra a propagação do novo coronavírus, com Washington a acusar Pequim de ter negligenciado os riscos da pandemia, na sua fase inicial, e com o governo chinês a denunciar a ineficácia norte-americana na crise sanitária.

Esta quinta-feira, o porta-voz da diplomacia chinesa Zhao Lijian respondeu às denúncias de um alegado encobrimento dos riscos do novo coronavírus, por parte de Pequim, quando este surgiu pela primeira vez na cidade de Wuhan.

Zhao acusou as autoridades norte-americanas de terem estado envolvidas “na manipulação política de responsabilidades e em desvios de dinheiro”, em matérias relacionadas com a pandemia.

A diplomacia chinesa desvalorizou a possibilidade de os Estados Unidos colocarem uma ação criminal internacional contra Pequim, pela forma como o governo chinês lidou com a fase inicial da pandemia.

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Em contra-ataque, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China acusou os EUA de lidarem com a crise sanitária de forma “frívola” e “ineficaz”, aconselhando o governo norte-americano a “concentrar-se mais em combater a pandemia e salvar a vida e a saúde do povo americano, de quem tem abusado da confiança”.

Esta semana, o Departamento de Estado norte-americano já tinha denunciado este género de críticas por parte de Pequim como sendo parte de uma estratégia de desinformação para denegrir a imagem dos países ocidentais na luta contra a pandemia.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 297 mil mortos e infetou mais de 4,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios. Mais de 1,5 milhões de doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano passou agora a ser o que tem mais casos confirmados (1,88 milhões contra 1,81 milhões no continente europeu), embora com menos mortes (113 mil contra 161 mil).

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), paralisando setores inteiros da economia mundial, num “grande confinamento” que vários países já começaram a aliviar face à diminuição dos novos contágios.