A criminalidade em Itália diminuiu cerca de 90% durante os meses de confinamento, decretado para travar o contágio do novo coronavírus, devido ao aumento das patrulhas policiais e às restrições de movimento impostas à população.

O número foi avançado esta quinta-feira pelo ex-diretor-geral da polícia nacional italiana e atual diretor da empresa de segurança e investigação, Antonio Del Greco, conhecido em Itália pela detenção de alguns dos maiores criminosos nos anos 1970 e 1990.

Numa conferência de imprensa online com a imprensa estrangeira em Itália, Del Greco afirmou que “a pequena criminalidade, presente em todo o território, diminuiu 90%” durante o confinamento total que vigorou entre 9 de março e 4 de maio.

“O facto é que as pessoas não podiam sair à rua, onde só havia polícia, e isso ajudou a controlar este tipo de criminalidade. Os roubos tiveram uma diminuição notável porque a polícia identificava todos os cidadãos na rua”, disse.

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“Roma é uma das cidades mais tranquilas do mundo” por estes dias, opinou.

O antigo diretor da polícia comentou também a polémica gerada em Itália pela libertação de elementos da máfia das prisões, colocados em prisão domiciliária para impedir contágios em massa nas cadeias, e que incidiu sobretudo em presos que pediram para sair alegando ter patologias ou uma idade que os colocavam em grupos de risco.

Antonio Del Greco admitiu que “o momento é delicado”, mas frisou que os beneficiários da medida “eram presos mais velhos”.

Depois de fortes críticas, o Governo italiano aprovou no sábado uma revisão das condições dessas libertações, que abrangeu cerca de 370 presos, incluindo condenados por atividade mafiosa ou tráfico de droga.

Entre os abrangidos, segundo o diário Corriere della Sera, está um antigo chefe da máfia siciliana, Antonio Sacco, até então detido em regime de alta segurança.

O ministro da Justiça, Alfonso Bonafede, afirmou esta quinta-feira na Câmara dos Deputados (câmara baixa do parlamento) que alguns dos presos que beneficiaram da medida estão a ser levados de volta para prisão.

“A máquina administrativa começou a rever a situação de saúde dos que pediram para sair”, disse o ministro, ouvido esta quinta-feira pela comissão parlamentar de Justiça.

Questionado pelos deputados, o ministro disse ainda que as autoridades estão a rever a libertação de Pasquale Zagaria, libertado por ser impossível continuar os tratamentos oncológicos num hospital-prisão da Sardenha, e que é irmão de Michele Zagaria, chefe do grupo mafioso Casalesi, associado à Camorra, a cumprir pena perpétua.

A libertação de mafiosos foi duramente criticada pela oposição, que não só chamou Alfonso Bonafede ao parlamento como pediu a sua demissão, tendo apresentado uma moção de desconfiança contra o ministro que deverá ser votada ainda este mês.

Itália é um dos países do mundo mais atingido pela pandemia de Covid-19, com mais de 222 mil casos e 31.106 mortos, segundo números oficiais de quarta-feira.

Surgido na China em dezembro, o vírus SARS-CoV-2 já infetou globalmente mais de 4,3 milhões de pessoas, 297 mil das quais morreram.