O número de novos casos passou de 888 na véspera para 992. Subiu. O número de vítimas nas últimas 24 horas passou de 200 para 262, sendo que representam mais 100 óbitos do que se tinha verificado no início da semana. Apesar dos 2.7000 recuperados a mais e do decréscimo acentuado nos casos internados e em Cuidados Intensivos, o habitual Boletim da Proteção Civil acabou por ser esta quinta-feira um “balde de água fria” em Itália, reforçando também um panorama bipartido existente entre a Lombardia e o resto do país e adensando receios.

“Decidir sobre a recuperação de atividades e serviços com base em dados que ainda refletem o período que houve de confinamento pode aumentar o risco de uma segunda onda no início do verão”, disse Nino Cartabellotta, líder da Fundação Gimbe, citado pelo La Stampa. “A fase 2 é fundamental porque leva-nos a um relativo regresso à normalidade. Estamos sempre bastante preocupados. Parece um pesadelo o índice do R que deve permanecer abaixo de 1. Noutros países, um abrandamento rápido das medidas de confinamento levou a um aumento no índice acima de 1. É necessário ter muito cuidado semana a semana”, acrescentou Agostino Miozzo, coordenador do Comité Técnico-Científico para a Covid-19. E um bom exemplo disso é a região de Molise, no sul de Itália.

Se é verdade que é na Lombardia que entronca ainda o grande problema da pandemia a nível nacional, existem novos clusters que se vão criando, neste caso longe da região transalpina mais afetada. Até terça-feira, Molise era a região com menos casos do novo coronavírus em Itália, com um conjunto residual de testes positivos, mas tudo mudou num ápice com um funeral no final de abril, que não terá cumprido o número limite de pessoas que podiam estar presentes e que pode ter motivado um boom de casos que se fazem sentir agora nos números.

É neste misto de informações que Itália vai preparando as fases seguintes de desconfinamento e com uma medida paralela que entretanto falhou: Domenico Arcuri, comissário extraordinário que tinha sido designado pelo governo para o combate à pandemia, prometera máscaras a 50 cêntimos mais 22% de IVA mas não está a ter sucesso.

Como explica a Bloomberg, a medida, anunciada a 3 de maio, previa uma distribuição em larga escala através dos acordos feitos com supermercados e farmácias mas alguns vendedores renunciaram mesmo a fazer marcações nas suas vendas. Quase dez dias depois, os relatórios de escassez de material de proteção à venda vão aumentando por ser complicado encontrar esse tipo de preços. “A culpa disso não é minha”, disse Domenico Arcuri, que aponta responsabilidades as redes de distribuição e os farmacêuticos para justificar que essas máscaras mais baratas só estejam acessíveis numa em cada quatro farmácias. Já o governo nega a informação de que o limite de venda tenha passado de 50 cêntimos para 1,5 euros, sendo que a própria produção doméstica não terá aumentado à escala de 14 milhões de máscaras por semana, como chegou a ser anunciado na última semana de março.

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