Os profissionais de saúde nos Estados Unidos receiam que as restrições impostas pelo governo face à pandemia de Covid-19 possam colocar em risco “dezenas de milhares de vidas e ameaça expandir sentimentos de xenofobia”, adiantam várias publicações.

“A decisão de interromper os processos de asilo ‘para proteger a saúde pública’ não se baseia em evidências ou ciência”, dizem os mais de 770 signatários de uma carta enviada ao diretor dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Robert R. Redfield, responsável pelas fortes restrições no acesso ao país, incluindo de crianças.

Na carta, citada pelo jornal local Daily Kos, os signatários alertam que a ordem de restrição, válida até que o novo coronavírus não seja considerado mais uma ameaça para os norte-americanos, coloca em risco “dezenas de milhares de vidas e ameaça expandir sentimentos perigosos anti-imigrantes e xenofobia”.

O Washington Post, citando dados não publicados do Serviço de Cidadania e Imigração (USCIS, na sigla em inglês), adianta que a Administração de Donald Trump suspendeu muitos dos processos de asilo pedidos por imigrantes, incluindo crianças, após o aparecimento da pandemia.

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Da mesma forma, sob a capa da saúde pública, e a coberto do código americano conhecido como “título 42”, o governo também terá dado ordem de expulsão a 20.000 imigrantes que cruzaram a fronteira sem autorização, acrescentou a publicação.

O Washington Post observa ainda que o USCIS fez 59 entrevistas de triagem entre 21 de março e 13 de maio com requerentes de asilo ao abrigo da Convenção Contra a Tortura, a única categoria de proteção que ainda está disponível para aqueles que expressam medo de serem gravemente feridos se forem rejeitados por este país.

A informação acrescenta que os pedidos de 54 pessoas foram rejeitados e mais três casos estão pendentes, de acordo com essas estatísticas, que não especificam a nacionalidade dos candidatos ou qualquer outra informação demográfica sobre eles.

O jornal destaca que em 2018 os tribunais de imigração responderam positivamente a 13.248 pedidos de asilo de imigrantes que pediram esse benefício para evitar serem deportados dos Estados Unidos, de acordo com as últimas estatísticas do Departamento de Segurança Interna.

Por seu lado, o jornal The New York Times antecipou que o governo de Trump está a procurar estender as restrições na fronteira indefinidamente devido à pandemia e, assim, limitar a imigração através das fronteiras terrestres, até que as autoridades decidam que não há mais perigo de infeção para os norte-americanos.

Os Estados Unidos e o México concordaram em restringir viagens não essenciais desde 21 de março, contando-se desde aí somente a aprovação de dois pedidos de asilo, uma medida que já havia entrado em vigor na fronteira com o Canadá.

De acordo com o jornal, a nova ordem em análise por várias agências governamentais foi projetada para estender as restrições indefinidamente.