A coordenadora do BE insistiu esta sexta-feira que o Governo não cumpriu “o compromisso” com o parlamento de só injetar mais dinheiro no Novo Banco depois dos resultados da auditoria, considerando que “nenhum ministro” sai fortalecido da polémica. Catarina Martins alertou para trabalhadores que perderam 100% do rendimento.

“Um Governo não cumprir um compromisso importante com o parlamento e o país, fazendo uma despesa tão avultada num setor tão opaco, num momento em que precisamos de tanto dinheiro para responder à crise social e económica, não fortalece nenhum ministro nem nenhum Governo”, afirmou Catarina Martins no Porto, quando questionada pelos jornalistas sobre se o ministro das Finanças, Mário Centeno, sai fragilizado da polémica em torno do Novo Banco.

Catarina Martins considerou uma “falha grave” a injeção de dinheiro do Novo Banco, argumentando que existia o “compromisso do primeiro-ministro de tal não acontecer antes de serem conhecidos os resultados da auditoria” à instituição financeira, notando que “sobre isso ainda não houve nenhum pedido de desculpas ao país”.

O Expresso noticiou na quinta-feira da semana passada que o Fundo de Resolução recebeu mais um empréstimo público no valor de 850 milhões de euros destinado à recapitalização do Novo Banco.

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A notícia surgiu depois de António Costa ter garantido no mesmo dia no parlamento, no debate quinzenal, que não haveria mais ajudas até que os resultados da auditoria que está a ser feita ao Novo Banco fossem conhecidos.

PIB caiu 2,4% mas 15% dos trabalhadores perderam 100% do rendimento

A coordenadora do BE alertou ainda que, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 2,4%, 15% dos trabalhadores perderam 100% do rendimento, destacando o “papel do Estado” para evitar que a crise se transforme numa “profunda recessão e catástrofe social”.

“Sabíamos que isto [a queda do PIB] aconteceria com a paralisação de atividade [devido à pandemia de Covid-19]. Nem sequer se deve às medidas de confinamento nacionais, é um problema mundial. Mas, quando o PIB desce 2,4%, há 15% dos trabalhadores em Portugal que perderam o rendimento 100 % do rendimento e mais de 60% dos trabalhadores perderam rendimento”, observou Catarina Martins no Porto, após uma reunião com trabalhadores precários da Casa da Música.

Para a coordenadora do BE, o “papel do Estado” e as suas escolhas são fundamentais “para evitar que a crise não se transforme numa profunda recessão e numa catástrofe social”.

O Produto Interno Bruto (PIB) português caiu 2,4% no primeiro trimestre do ano face ao mesmo período de 2019, devido aos efeitos económicos da pandemia de Covid-19, divulgou esta sexta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).