A Covid-19 atacou de forma particularmente violenta a Itália e, sobretudo, a região de Emilia-Romagna, onde a Ferrari tem a sua fábrica e a sua alma: Maranello. Daí que não tenha sido necessária uma análise profunda para que o construtor italiano decidisse abraçar a luta contra a pandemia, com a Scuderia Ferrari primeiro a doar 10 milhões de euros e 150 ventiladores e, depois, perante a manifesta falta de equipamentos de ajuda aos pacientes com problemas respiratórios, avançar para a concepção e produção de ventiladores.

Para produzir o FI5 – “F” de Ferrari, “I” de Instituto Italiano de Tecnologia (IIT) e “5” por o objectivo apontar para apenas 5 semanas do início da concepção à produção da primeira unidade –, a Scuderia Ferrari encarou o projecto do ventilador como se tratasse de mais um problema a resolver num dos fórmulas de Sebastian Vettel ou Charles Leclerc, entre duas sessões de treino, ou de mais um pit stop durante uma prova do campeonato do mundo de Fórmula 1.

A Ferrari recebeu um pedido de ajuda do IIT a 21 de Março, para conceber em tempo recorde um ventilador pulmonar, um equipamento que é sobretudo fabricado na China e tão necessário para salvar vidas quanto escasso, face à procura decorrente da pandemia.

Foi desde logo criada uma equipa para lidar com o desafio, com Mattia Binotto, o responsável máximo pela equipa de F1 da Ferrari a afirmar que “a luta contra a Covid-19 foi algo que decidimos enfrentar com toda a determinação enquanto equipa”. A liderar o team, que por momentos colocava de lado os chassis em carbono e os motores híbridos com 1000 cv para se dedicar aos ventiladores, provavelmente a máquina mais pequena jamais construída pela Ferrari, estavam Simone Resta e Corrado Onorato. O primeiro é responsável pelos chassis e o segundo pela inovação da F1.

O fruto desse trabalho foi revelado esta semana, em forma de vídeo, onde é possível ver o FI5 em pormenor. Os técnicos da Ferrari, que tradicionalmente estudam os fluidos dentro de um motor de F1, aproveitaram esses conhecimentos para conceber os sistemas eléctricos e pneumáticos de um ventilador. Os CNC (computer numerical control modelling) da Scuderia Ferrari foram essenciais para apressar a passagem da concepção à produção, para, findo o processo, a Ferrari ter colocado todo o projecto em open source, para que países e outras empresas se possam dedicar à fabricação do ventilador mais “rápido” do mundo.

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