O presidente da Associação de Proteção das Mulheres Empregadas e Domésticas (ANAPROMED) da Guiné-Bissau, Sene Cassamá, disse esta sexta-feira à Lusa que mais de 300 empregadas foram despedidas e 17 estão contaminadas pela Covid-19.

Segundo Cassamá, as denúncias de contaminação têm chegado “todos os dias” à sede da associação, situada no Bairro Militar, em Bissau, através de contactos de familiares das empregadas domésticas.

Em contacto com o Centro Operacional de Emergência de Saúde (COES), estrutura do governo que lida com a pandemia do novo coronavírus na Guiné-Bissau, Cassamá disse ter obtido a confirmação e ainda ter sido informado de que haverá mais empregadas infetadas.

“Estas pessoas foram contaminadas nos seus locais de trabalho pelos seus patrões”, observou Sene Cassamá, que espera do Governo iniciativas de apoio às vitimas e às respetivas famílias.

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O presidente da ANAPROMED apontou o exemplo de Cabo Verde, onde, disse, o Estado tem apoiado financeiramente os trabalhadores de baixa renda, nomeadamente as empregadas domésticas.

Sene Cassamá defendeu que “algo deve ser feito” para minimizar a estigmatização que vai recair sobre aquelas pessoas.

Mas o que mais preocupa Cassamá é o número de empregadas domésticas despedidas nos últimos 40 dias, desde que o país começou a observar o estado de emergência, decretado pelas autoridades para conter a propagação do vírus.

O presidente da ANAPROMED disse ter recebido denúncias de despedimentos de 318 empregadas, sendo que 260 em Bissau, 30 em Bubaque, no arquipélago dos Bijagós, 18 em Gabu e 10 em Bafatá, regiões do leste do país.

Sene Cassamá receia que haja “muito mais empregadas despedidas” e que ainda não conseguiram contactar a associação em Bissau.

Dados do último recenseamento feito em 2017 apontavam que só em Bissau existem 7.438 empregadas domésticas.

O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, prolongou na segunda-feira o estado de emergência até 26 de maio e decretou o recolher obrigatório entre as 20h e as 6h, bem como o uso obrigatório de máscara, no âmbito do combate à pandemia do novo coronavírus. Além daquelas medidas, os guineenses também só estão autorizados a sair de casa entre 7h e as 14h.

O número de casos da Covid-19 na Guiné-Bissau aumentou quinta-feira para 913, mantendo-se os três mortos e os 26 recuperados, segundo os dados divulgados pelo Centro de Operações de Emergência de Saúde (COES) do país.