Com cinco jogos da Bundesliga a arrancar às 14h30, o jogo das 17h30 deste sábado acabou por cair um pouco no esquecimento. Afinal, o futebol europeu já tinha regressado, o Borussia Dortmund já tinha voltado da melhor maneira com uma goleada ao Schalke 04 e o líder Bayern Munique só entra em campo este domingo. Era às 17h30, porém, que o Eintracht Frankfurt de André Silva e Gonçalo Paciência recebia o surpreendente Borussia Mönchengladbach num Commerzbank-Arena sem ninguém nas bancadas.

Paciência, porém, lesionou-se durante a semana e era baixa importante para Adi Hütter. Já André Silva começava no banco e era o ex-Sporting Bas Dost que estava no onze inicial do Eintracht. O Borussia entrava em campo com a certeza de que tinha uma oportunidade importante para subir ao pódio da Bundesliga: já este sábado, o RB Leipzig havia empatado em casa com o Friburgo e uma vitória da equipa de Mönchengladbach significava uma subida ao terceiro lugar da classificação, a apenas dois pontos do Borussia Dortmund.

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E se o Borussia recomeçava este sábado uma temporada assinalável, em que ainda luta realmente pela conquista do título e é claramente um dos candidatos destacados às posições que dão acesso às competições europeias, o Eintracht abria uma fase decisiva em que terá de estabelecer se vai lutar para se aproximar dos lugares europeus ou lutar para não descer. Ainda assim, e numa altura em que está no 13.º lugar e com apenas mais 11 pontos do que o lanterna vermelha Paderborn, o treinador Adi Hütter não perdia o sentido de humor. Na conferência de imprensa de antevisão da partida, o treinador comentou o episódio do treinador do Augsburgo, que quebrou as regras de confinamento e não orientou a equipa contra o Wolfsburgo.

“Tive de sorrir porque ele contou os pormenores todos. Nós, jogadores e treinadores, também somos humanos. Não sei o que é que lhe passou pela cabeça. Mas aconteceu e agora tem de lidar com as consequências. Não foi uma boa decisão e só percebeu um dia depois. Podia ter pedido a alguém para lhe ir buscar o que queria. Por um lado, tive de me rir, por outro, ele vai perder o jogo”, disse Hütter.

A verdade é que o treinador do Eintracht não teve de esperar um minuto do jogo contra o Borussia para perder o sorriso. Nos instantes iniciais da partida, na primeira jogada, Pléa aproveitou um lance confuso no meio-campo e uma atuação passiva dos defesas adversários para abrir o marcador com um remate cruzado (1′). Ainda antes de estarem cumpridos os primeiros 10 minutos, Marcus Thuram — que é filho do antigo internacional francês Lilian Thuram — aumentou a vantagem ao encostar na sequência de um cruzamento rasteiro a partir da esquerda (7′). Sete minutos e o Borussia Mönchengladbach já vencia por dois golos de vantagem em Frankfurt.

A perder por dois golos numa fase ainda embrionária da partida, o Eintracht procurou subir as linhas e chegar mais perto da baliza de Sommer. Kostic obrigou o guarda-redes a uma defesa apertada na sequência de um livre direto mas a equipa de Gonçalo Paciência e André Silva pouco mais conseguiu fazer até ao intervalo. Foi acordando muito lentamente, depois de ter oferecido por completo os 10 minutos iniciais ao adversário, mas nunca esteve desperta o suficiente para assustar o Borussia. Borussia esse que, sem controlar por completo a posse de bola nem ter um meio-campo dominador, se mostrou sempre forte e disponível o suficiente para criar perigo pelas alas e oferecer oportunidades ao trio Pléa/Embolo/Thuram.

André Silva entrou logo ao intervalo, para substituir Sow e apoiar um apagado Bas Dost na ligação entre o meio-campo e o ataque. O segundo tempo, porém, trouxe ainda menos pontos de interesse do que a primeira parte: a fadiga acumulada tornou-se evidente, o ritmo caiu a pique, as oportunidades escassearam e as ocasiões em que uma equipa conseguiu quebrar a muralha defensiva do adversário foram para lá de raras. O Borussia tirou o pé do acelerador e focou-se principalmente em não sofrer golos e manter a vantagem, enquanto que o Eintracht não tinha capacidade para criar perigo junto da baliza de Sommer.

Pléa ainda ficou perto do terceiro golo, ao acertar no poste com um grande remate em arco que não dava qualquer hipótese a Kevin Trapp (67′), mas a vitória do Borussia só ficaria totalmente confirmada minutos depois. N’Dicka cometeu grande penalidade sobre Embolo e na conversão o lateral Bensebaini não falhou, ainda que Trapp tenha ficado perto de defender o remate (73′). Até ao fim, André Silva ainda reduziu para o Eintracht, com um remate cruzado já na grande área depois de uma assistência de Rode (81′), mas o resultado não voltou a alterar-se a partir daí.

O Eintracht Frankfurt saiu derrotado do reinício da Bundesliga, perdeu em casa com o Borussia Mönchengladbach e sofreu dois golos antes sequer de acabar de dizer o longo nome do adversário. Longe de ter alcançado uma exibição favorável na segunda parte, a verdade é que a equipa de Gonçalo Paciência e André Silva só entrou realmente no jogo quando já estava a perder por dois e nunca soube recuperar o avanço que tinha entregado de bandeja ao Borussia. No pós-pandemia, a grande probabilidade é que o Eintracht se veja obrigado a lutar pela manutenção — isto numa altura em que ainda está na Liga Europa. Já o conjunto de Mönchengladbach sobe ao terceiro lugar da liga alemã e fica a sonhar com um deslize do Bayern, este domingo, com o Union Berlim.