A Liga Guineense dos Direitos Humanos denunciou mais um espancamento de um cidadão no país pelas forças de segurança e criticou o que considera ser o “silêncio cúmplice” da hierarquia em relação aos “atos ilegais e abusivos”.

Num comunicado, divulgado sexta-feira e a que Lusa teve hoje acesso, a organização não-governamental guineense denuncia o espancamento na quarta-feira de uma mulher em Bafatá, nordeste do país, que se encontrava na varanda da sua casa, quando recebeu ordens das forças de segurança para abandonar o local.

“Na tentativa de resistir a esta ordem abusiva e ilegal”, a mulher foi “brutalmente espancada pelo referido grupo das forças de segurança”, acabando por ser internada no hospital regional de Bafatá devido à gravidade dos ferimentos.

“Este é apenas mais um caso de vários outros, que consubstanciam em atos ilegais e abusivos perpetrados pelas forças de segurança contra os cidadãos, no quadro da fiscalização do cumprimento das medidas decretadas no âmbito do estado de emergência em vigor no país”, refere.

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A Liga Guineense dos Direitos Humanos lamenta o “silêncio cúmplice da hierarquia da corporação das forças de segurança perante atos sistemáticos de violações graves dos direitos humanos, sem que sejam acionados os mecanismos de responsabilização disciplinar e criminal”.

“É urgente inverter esta tendência negativa, adotando padrões de policiamento democrático, assente no equilíbrio entre a garantia da ordem e a tranquilidade pública e o respeito escrupuloso pela dignidade da pessoa humana”, salienta a organização não-governamental.

A Liga Guineense dos Direitos Humanos sublinha também que uma “corporação policial que espezinha os direitos humanos transforma-se ela própria numa ameaça à paz e tranquilidade pública”.

A Guiné-Bissau registou até hoje 913 casos de infeção por covid-19, incluindo quatro vítimas mortais, segundos dados divulgados pelo Centro de Operações de Emergência de Saúde.

No âmbito do combate à pandemia, o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, decretou o estado de emergência, até 26 de maio, e o recolher obrigatório entre as 20:00 e as 06:00 no país.

Além daquelas medidas, as pessoas só podem circular entre as 07:00 e as 14:00 locais.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 304 mil mortos e infetou perto de 4,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Mais de 1,5 milhões de doentes foram considerados curados.