O Exército começou a descontaminar o Lar do Comércio, em Matosinhos, depois de terem sido retirados 59 dos cerca de 160 utentes para três instituições de Matosinhos, Porto e Gaia, adiantou à Agência Lusa fonte da instituição. Esta ação deverá prosseguir nos próximos dias, dado não poder ser descontaminado o edifício todo de uma só vez, contou.

Contactado pela Lusa, o vereador da Proteção Civil de Matosinhos, José Pedro Rodrigues, explicou que a descontaminação está a correr “dentro do planeado”. E se a instituição corresponder, no que diz respeito às necessárias ações de limpeza, este responsável acredita que no final da semana estejam reunidas as condições para os utentes que foram transferidos para outras instituições regressem.

Na passada quinta-feira, 59 dos cerca de 160 utentes do lar, que já regista 21 mortes por Covid-19, foram transferidos. Destes 59, 48 dos quais dependentes e com testes negativos à Covid-19, foram levados para o Centro de Neurointervenção da Cruz Vermelha, em Vila Nova de Gaia, e para o Hospital Militar do Porto. Os outros 11 utentes, infetados pelo novo coronavírus, foram para o Centro de Apoio Comunitário de Matosinhos até recuperarem.

A opção visou não só por transferir os utentes infetados, mas também os dependentes, porque os recursos humanos do Lar do Comércio são insuficientes para prestar os cuidados de saúde adequados. Os restantes residentes, que testaram negativo à Covid-19, começaram a ser acomodados no infantário contíguo e pertença da instituição.

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Já na sexta-feira, a presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Luísa Salgueiro, considerou a atuação da direção do Lar do Comércio negligente, adiantando que vai participar ao Ministério Público (MP) as situações que chegaram ao conhecimento da autarquia.

“Naturalmente que as situações que chegaram ao nosso conhecimento sobre casos no Lar do Comércio são participadas ao Ministério Público. Tal como a câmara já fez em situações em que havia relatos muito menores, nós participaremos e depois o Ministério Público fará o desenrolar do processo conforme melhor entender”, afirmou à margem da cerimónia de inauguração do túnel de ligação da Avenida Calouste Gulbenkian à Autoestrada 28 (A28), em Matosinhos.

O MP instaurou um inquérito à atuação do lar, revelou a Procuradoria-Geral da República (PGR). Em resposta à Lusa, a PGR confirma que “foi instaurado um inquérito” que corre “termos no DIAP [Departamento de Investigação e Ação Penal] do Porto”.