Um dos três acusados por explorar uma megaestufa de canábis num armazém da Maia demarcou-se esta segunda-feira, em tribunal, de qualquer prática criminosa, afiançando que nunca entrou sequer nas instalações.

O processo começou a ser julgado durante a manhã no tribunal de Matosinhos e envolve três pessoas de nacionalidade estrangeira que, segundo o MP, cometerem crimes de tráfico de droga, ao explorarem uma megaestufa de canábis na Maia, em 2018 e 2019, que geraram lucros milionários.

Invocando limitações associadas à crise pandemia do novo coronavírus, o tribunal vedou o acesso de jornalistas à sala de audiências, mas fonte envolvida no julgamento disse à agência Lusa que o único arguido ouvido na sessão da manhã “distanciou-se da posse e da propriedade do produto estupefaciente e do armazém”.

Segundo a fonte, o arguido acrescentou que se limitou a levar comida três ou quatro vezes “para pessoas que estavam no armazém, deixando-a numa janela, sem entrar nas instalações”.

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O arrendamento do armazém onde a produção de canábis se fazia seria da responsabilidade de um seu concidadão cujo nome indicou.

Além de acusar os três arguidos por tráfico de droga, o MP requereu que dois eles sejam condenados a pagar ao Estado um total de 640.569,83 euros “por corresponder ao valor do seu património incongruente, ou seja, aquele que se presume ter fundamento na prática de crime”.

O despacho de acusação refere que os três arguidos, todos em prisão preventiva, “montaram um esquema de cultivo, produção, secagem e armazenamento de canábis”, entre janeiro de 2018 e julho de 2019, num armazém que arrendaram para o efeito.

Ao desmantelar o esquema, em julho de 2019, a PSP destacou a “enorme sofisticação” dos sistemas operados pelos arguidos, com idades entre 35 e 50 anos, na sua atividade ilícita.

“Detinham um sistema complexo e elaborado”, demonstrando “experiência” na prática deste ilícito, disse a polícia numa conferência de imprensa.

Em buscas então efetuadas, as autoridades apreenderam ao grupo 1.065 quilos de canábis, balanças, lâmpadas, catanas, motores de extração de ar, tubos de exaustão, adubos e fertilizantes, tabuleiros de germinação, vasos e peneiras de secagem.

A energia elétrica usada na produção de energia era subtraída clandestinamente ao sistema de distribuição da EDP.