A atividade económica registou uma “forte contração” em abril, agravando-se face a março, com os indicadores de clima económico e de confiança dos consumidores a atingirem mínimos desde novembro e maio de 2013, respetivamente, divulgou esta quarta-feira o INE.

Segundo a “Síntese Económica de Conjuntura” do Instituto Nacional de Estatística (INE), “o indicador de confiança dos consumidores atingiu o valor mínimo desde maio de 2013 e o indicador de clima económico apresentou a redução mais acentuada da série, atingindo o valor mínimo desde novembro de 2013”.

Quanto ao indicador de atividade económica, os dados disponíveis relativamente a março apontam para uma “redução significativa, prolongando o perfil descendente observado nos cinco meses anteriores e atingindo o valor mínimo desde março de 2013”.

De acordo com a informação esta quarta-feira divulgada, o indicador de clima económico diminuiu em abril para -0,7 pontos, face aos 1,9 pontos de março, enquanto o indicador de atividade económica, disponível até março, baixou para -2,6 pontos face aos 1,4 pontos de fevereiro.

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Segundo o INE, “todos os indicadores de confiança setoriais diminuíram de forma abrupta face ao mês anterior, principalmente no caso dos serviços, destacando-se as secções de “atividades artísticas, de espetáculo, desportivas e recreativas” e de “alojamento, restauração e similares”.

O indicador de confiança dos consumidores registou “a maior redução face ao mês anterior da série e atingiu o valor mínimo desde maio de 2013”, com todas as séries que compõem o indicador a registarem “as diminuições mais expressivas das respetivas séries, sendo que no caso das expectativas relativas à evolução da situação económica do país e da realização de compras importantes foram ainda atingidos em abril os valores mínimos destas séries”.

Já o indicador de confiança da indústria transformadora atingiu o valor mínimo desde abril de 2009, em resultado da redução mais acentuada desde o início da série.

Segundo o INE, o comportamento deste indicador “refletiu os contributos negativos do saldo das apreciações relativas à evolução da procura global, que atingiu em abril o valor mínimo desde março de 2013, e das perspetivas de produção da empresa que registaram o valor mínimo da série”.

Quanto ao indicador de confiança da construção e obras públicas, “apresentou em abril a diminuição mais intensa da série, atingindo o valor mínimo desde novembro de 2015”, sendo que “ambas as componentes, apreciações sobre a carteira de encomendas e perspetivas de emprego, atingiram novos mínimos desde julho de 2016 e setembro de 2013, respetivamente”.

O INE refere que “o indicador de confiança do comércio “diminuiu de forma expressiva em abril, registando um novo mínimo da série”, tendo esta evolução resultado do contributo negativo das perspetivas de atividade da empresa nos próximos três meses, que registaram um novo mínimo da série, das opiniões volume de vendas e das apreciações relativas ao volume de ‘stocks’”.

O indicador de confiança dos serviços diminuiu, por sua vez, para o valor mínimo da série iniciada em abril de 2001, com os contributos negativos de todas as componentes, que registaram a maior redução mensal das respetivas séries e atingiram valores mínimos.

A informação quantitativa já disponível para abril revela que o montante global de levantamentos nacionais, de pagamentos de serviços e de compras em terminais de pagamento automático na rede multibanco apresentou a diminuição mais intensa da série em abril (-38,6%), após ter caído 17,0% no mês anterior.

As vendas de veículos automóveis diminuíram fortemente em abril, observando-se quedas de 87,0% nos automóveis ligeiros de passageiros, de 69,9% nos comerciais ligeiros e de 72,7% nos veículos pesados.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 320 mil mortos e infetou quase 4,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios. Mais de 1,7 milhões de doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 1.247 pessoas das 29.432 confirmadas como infetadas, e há 6.431 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde. A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano passou agora a ser o que tem mais casos confirmados (mais de 2,1 milhões contra mais de 1,9 milhões no continente europeu), embora com menos mortes (quase 128 mil contra mais de 168 mil).

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), paralisando setores inteiros da economia mundial, num “grande confinamento” que vários países já começaram a aliviar face à diminuição dos novos contágios.