A situação criada pela pandemia de Covid-19 levou a que a maioria das editoras portuguesas decidisse suspender temporariamente a publicação de novos títulos. Dois meses depois, é chegada a hora de retomar o calendário editorial, suspenso desde meados de março. Para muitas editoras, o regresso aos lançamentos acontecerá já neste mês de maio, mas será em junho que o mercado arrancará verdadeiramente com muitas novidades, algumas delas já anunciadas. Eis alguns dos livros que o fim do confinamento trará em junho:

Em junho, a Quetzal vai lançar Nada a Temer, de Julian Barnes. A Alfaguara vai publicar o mais recente romance do espanhol Manuel Vilas, E, de repente, a alegria, e reeditar dois livros de Charles Bukowski, que celebra o seu centenário em 2020, MulheresPão com Fiambre, há muito esgotados. Pela Companhia das Letras vai sair A ocupação, do brasileiro Julián Fuks, vencedor do Prémio Saramago.

A Relógio d’Água, que neste mês de maio vai publicar oito títulos, incluindo o novo romance de Djaimilia Pereira de Almeida, vai lançar em junho A Montanha Mágica e Mario e o Mágico, de Thomas Mann, Santo António, de Agustina Bessa-Luís (com prefácio de José Tolentino Mendonça), Os Teus Passos nas Escadas, de Antonio Muñoz Molina, Na Terra Somos brevemente Magníficos, de Ocean Vuong, Os Invisíveis, de Roy Jacobsen, e Humilhados e Ofendidos, de Fiodor Dostoievski.

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A E-Primatur vai lançar Sete Pilares de Sabedoria, a famosa autobiografia romanceada de T. E. Lawrence, o Lawrence da Arábia, onde este relatou as suas experiências durante a revolta árabe contra os turcos otomanos, entre 1916 e 1918. Já a Tinta-da-China vai publicar Prosa — Antologia Mínima. Depois de Poesia — Antologia Mínima (2018), chega agora uma compilação de prosa pessoa também da responsabilidade de Jerónimo Pizarro. Pela mesma editora vai também sair Marrom e Amarelo, o novo romance do brasileiro Paulo Scott, que aborda a questão da discriminação racial no Brasil.

Pela Dom Quixote vão sair os romances Margarida Espantada, de Rodrigo Guedes de Carvalho, Rua de Paris em dia de Chuva, de Isabel Rio Novo, Recordações do Futuro, de Siri Hustvedt, e ainda O Ultimo Verão de Klingsor, Hermann Hesse. A Caminho vai publicar Cidade Solitária, de Fernando Namora, no mês em que chegará também às livrarias um volume de textos evocativos do mesmo escritor, O Arco da Memória, assinados por vários autores.

A Porto Editora vai lançar o dia 18 de junho, um volume que reúne a obra poética de Artur Cruzeiro Seixas, nome maior do surrealismo português. Obra Poética será editada no âmbito da coleção de poesia coordenada por Valter Hugo Mãe, “elogio da sombra”. Ainda na poesia, vai ser publicado pela mesma editora Poesia Completa de Maria Alberta Menéres, assinalando o primeiro ano após a sua morte, e, pela Assírio & Alvim, Inferno, de Pedro Eiras, e O Caso Mental Português, um ensaio de Fernando Pessoa onde o poeta faz uma análise do fenómeno do provincianismo como característica-chave da mentalidade portuguesa. O volume inclui outros dois textos até agora inéditos.

Apresentação do Rosto, de Herberto Helder, vai voltar às livrarias também em junho pela Assírio & Alvim. A obra foi publicada originalmente em 1968, tendo sido então apreendida pela PIDE e grande parte dos seus cerca de 1.500 exemplares destruídos. É agora reeditada pela primeira vez, com as alterações feitas pelo próprio Herberto Helder num exemplar que tinha em sua posse.

Já no domínio da ficção, a Porto Editora vai lançar O Golfinho, um thriller de Mark Haddon, considerado pelo jornal britânico The Guardian um dos melhores livros de 2019. Pela Minotauro vai sair o último volume da trilogia de V. E. Schwab, Uma invocação de luz. A Cavalo de Ferro vai fazer chegar às livrarias neste mês de junho A Balada de Iza, de Magda Szabó, e Kaputt, de Curzio Malaparte. Pela Elsinore vai sair Caronte à Espera, de Cláudia Andrade, finalista dos Prémios SPA com o livro de contos Quartos de final e Outras Histórias, publicado pela mesma editora.

A ASA vai publicar Coração Rebelde, um livro de ensaios da escritora indiana Arundhati Roy. Conhecida pelo romance O Deus das Pequenas Coisas, pelo qual venceu o Booker Prize em 1997, Arundathi Roy regressou apenas uma única vez à escrita de ficção (O Ministério da Felicidade Suprema, publicado em 2017), tendo-se dedicado nas últimas duas décadas sobretudo ao ativismo e à não-ficção. Coração Rebelde reúne seis dos seus ensaios mais emblemáticos, em defesa da ecologia, do indivíduo e da sociedade, da justiça e da liberdade. O livro será publicado logo no dia 2 de junho.

A Dom Quixote vai lançar Em todos os sentidos, também um livro de ensaios, mas assinado pela escritora portuguesa Lídia Jorge. Pela mesma editora vai também sair em junho O Cabo do Medo, um livro sobre os ataques do Estado Islâmico em Moçambique, de Nuno Rogeiro, e a “biografia política” de Amália Rodrigues, Amália, Ditadura e Revolução, a História Secreta, de Miguel Carvalho. O livro, com cerca de 600 páginas, pretende ser um “olhar Amália Rodrigues para além da carreira artística, da sua música, do ‘boneco’ e dos caixilhos onde a quiseram meter”, afirmou o autor na introdução, e mostrar um lado diferente da fadista, acusada de servir a ditadura e de colaborar com a PIDE.

Pela Tinta-da-China, vai sair, no início do mês, A Miséria do Tempo, um livro de Renato Miguel do Carmo e Maria Madalena d’Avelar sobre a experiência do desemprego, contada na primeira pessoa. Mais perto do final de junho, a editora vai publicar Com Borges, de Alberto Manguel, que descreve a relação e as memórias do crítico e tradutor argentino com Jorge Luis Borges, de quem foi leitor. No mesmo dia, 26 de junho, chegará também às livrarias Evoluir, um livro em que o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, partilha a sua visa e a sua reflexões sobre a evolução da diplomacia portuguesa nos últimos anos.

A Editorial Presença vai lançar Os Cruzados, de Dan Jones, autor de Os Templários. A Objectiva vai publicar Salvar o planeta começa ao pequeno-almoço, de Jonathan Safran Froer, e a Companhia das Letras Manual de sobrevivência de um escritor, de João Tordo. Pela Vogais vai sair Em Defesa de uma Sociedade Aberta, do filantropo norte-americano George Soros. Já a ASA vai publicar Por Amor aos Animais, o relato de Louise Callaghan da história do homem que salvou o jardim zoológico de Mossul, enfrentando o Estado Islâmico, e a Casa das Letras De Olhos Postos no Amanhã, Valorizar o Bem-estar, a Resiliência e a Sustentabilidade no Século XXI, de Éloi Laurent.

A Betrand vai editar Homo Biologicus. Como a biologia explica a natureza humana, de Pier-VincenzoPiazza, e a Temas e Debates O Cérebro Consciente — Uma Longa História da Vida, de Joseph LeDoux, e Uma História da Maçonaria em Portugal, de António Ventura. A Desassossego, a chancela de não-ficção da Saída de Emergência, vai lançar Pelos Caminhos Assombrados de Portugal, de Vanessa Fidalgo. Pela Ideias de Ler vai sair As Leis do Contágio, do epidemiologista da London School of Hygiene and Tropical Medicine Adam Kucharski.