A arquiteta Helena Roseta considera que o anúncio de uma possível recandidatura de Marcelo, feita por António Costa, foi “uma manobra tática” de ambos: “Uma encenação de que não gostei e que ainda por cima afetou, na minha opinião, muito mal Mário Centeno que é uma pessoa a quem o país deve muito”.
A ex-deputada, em entrevista à Rádio Observador, disse ainda que o momento que teve lugar no final de uma visita à fábrica da Autoeuropa, em Palmela, “foi feio”: “Foi feio e não é assim que as pessoas que fazem, é uma nódoa que fica no currículo de ambos. Cada um fica com aquilo que fez”.
Ainda sobre as presidenciais do próximo ano e uma eventual candidatura de Ana Gomes à presidência da República, Helena Roseta diz que “ficaria contente” se a socialista avançar, apelando a que haja mulheres candidatas ao lugar, mas exclui ainda qualquer hipótese de uma candidatura sua nas eleições presidenciais: “Fora de causa, mesmo”.
“Portugal tem cinco meses para preparar plano a sério desconfinamento dos diferimentos na habitação”
“Dia 1 de outubro acabam estas moratórias todas que o Parlamento tem estado a aprovar, as pessoas adiam até 30 de setembro [pagamento de rendas ou prestações de créditos à habitação] e dia 1 de outubro acaba tudo, o que vai acontecer?”, questionou a ex-deputada socialista.
Helena Roseta notou que o país “tem cinco meses” para encontrar soluções para as famílias que atualmente pediram adiamento dos pagamentos de rendas e prestações: “Nós estamos no final de maio, temos cinco meses para preparar o plano a sério do desconfinamento destes diferimentos todos na habitação”, apelou a ex-deputada.
Helena Roseta frisou que até final de abril deram entrada “260 mil pedidos de moratória à banca” para adiar pagamento da renda até setembro”. “São 260 mil famílias ou pessoas não conseguiram pagar ao banco, adiaram tudo para setembro”, destacou acrescentando que a falta de pagamento a partir de outubro poderá gerar “uma sucessão de buracos nos bancos”. Segundo Roseta, a solução terá de passar também por uma “negociação com a associação europeia de bancos”.
Considerando ainda que a questão de uma “nova lei das rendas” é “uma matéria difícil” — porque coloca representantes dos inquilinos de um lado e de senhorios do outro — , a ex-deputada socialista defendeu que é necessário “começar a pensar” em criar uma nova lei das rendas que possa aproximar Portugal de uma realidade semelhante, por exemplo, à alemã, onde a média de duração dos contratos de arrendamento é de 11 anos.
“A média dos contratos de arrendamento na Alemanha é de 11 anos, um contrato de 6 meses não dá estabilidade a ninguém”, disse frisando ainda que a agravar a situação está “a renda que [os senhorios] pedem que, por vezes, é superior ao que se paga ao banco”.
“É necessário um poder regulador do Estado. Pode haver uma pequena parte do mercado livre, mas que essa parte não tenha benefícios fiscais. Não faz sentido estarmos a beneficiar com os nossos impostos, os benefícios fiscais para um mercado especulativo”, considerou.
Presidenciais. “Se Ana Gomes avançar fico muito contente”, diz Helena Roseta