A luz ao fundo do túnel tem, afinal, um tom azulado e pode ser uma arma importante no combate à propagação do novo coronavírus. O metro de Nova Iorque, a par de outros transportes públicos da metrópole norte-americana, vai lançar esta semana um projeto-piloto de desinfeção das carruagens e estações com luz ultra-violeta – uma tecnologia inovadora similar à que já foi utilizada para desinfetar autocarros e comboios na China e que vai, agora, ser experimentada também nos transportes públicos de Nova Iorque, no âmbito de uma parceria com uma empresa de Denver (Colorado), a Puro Lightning.

Vão ser instalados 150 dispositivos que emitem raios-UV nesta primeira fase do projeto, com o objetivo de eliminar os vírus (incluindo o novo coronavírus) das superfícies que são tocadas pelos utilizadores dos transportes. Trata-se de lâmpadas semelhantes às utilizadas em solários e câmaras de bronzeamento que eliminam microorganismos, ou qualquer outra forma de vida, que encontrem no seu raio de ação. É usada uma frequência um pouco diferente, um método já muito usado em salas de operações em hospitais, por exemplo.

“A luz ultravioleta é um tipo de radiação eletromagnética que se encontra entre a luz visível e os raios X”, explicou em abril ao El Mundo Laura Alabart, diretora adjunta da Vesismin Health, uma empresa de desenvolvimento de produtos desinfetantes. Esta luz divide-se então em três grupos: o tipo A, usado nos solários e nos bronzeamentos artificiais; o tipo B, utilizado para algumas tratamentos à psoríase e que já pode provocar queimaduras e danificar tecidos e o ADN; e o tipo C, o mais tóxico e aquele que está a ser utilizado contra a Covid-19.

Em Nova Iorque, os especialistas dizem-se otimistas de que este tipo de desinfeção irá fazer muita diferença. “A luz UV que vai ser usada no metro e na desinfeção dos autocarros é muito eficiente na eliminação do vírus que causa a Covid-19”, afirmou David Brenner, especialista da Columbia University, citado pela CBS. “O que estamos a fazer aqui é reduzir a proliferação de vírus nos comboios do metro, diminuindo o risco de que alguém seja contaminado neste transporte público” que tem sofrido uma forte quebra da procura devido ao receio das pessoas de contrair o vírus durante uma viagem.

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A colaboração dos organismo que gere os transportes (MTA) e a Puro Lightning começou logo em março e o responsável pela área da inovação da MTA, Mark Dowd, comentou que “esta crise cria oportunidades para utilizar novas tecnologias para ajudar a solucionar um desafio como este, que é um desafio que ocorre uma vez em cada geração”. É com este tipo de inovação “rápida e segura” que os organismos públicos têm de responder, defendeu.

A eficácia do programa e da tecnologia será testada nas próximas semanas, para determinar se serão instalados mais dispositivos em mais locais da rede de transportes urbanos nova-iorquina.

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