O Banco de Portugal confirmou esta segunda-feira a redução “sem precedentes” na utilização dos cheques e das operações com cartão em abril, na sequência do estado de emergência e das medidas de confinamento adotadas para combater a propagação da covid-19.

“Se, em março de 2020, já tinha ocorrido um forte decréscimo nas operações com cartão, ao longo do mês abril registou-se, para além de um reforço desta tendência, uma descida significativa e transversal nos restantes instrumentos de pagamento, com destaque para os cheques”, segundo dados hoje divulgados pelo Banco de Portugal (BdP).

A redução drástica da atividade económica e a preferência dos agentes económicos pela utilização de instrumentos de pagamento que exijam um menor contacto físico contribuíram para estes números, que correspondem à quantidade e ao valor mais baixo registado, ao longo dos últimos 20 anos, nas operações com cheques, sinaliza.

De acordo com a informação disponibilizada, em abril foram efetuados cerca de 1,2 milhões de pagamentos com cheques, no valor de 4,1 mil milhões de euros, o que corresponde a reduções de 44,9% em número e de 47,9% em valor relativamente a igual período do ano anterior.

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Apesar do decréscimo na utilização dos cheques, aumentou a percentagem de cheques devolvidos por insuficiência de provisão: 0,48% em número e 0,41% em valor, o que compara com taxas significativamente mais baixas no período pré-pandemia (em fevereiro, 0,27% em número e 0,23% em valor), refere.

As operações com cartão de pagamento também decresceram 42,9% em número e 28,8% em valor face ao mesmo período do ano passado.

“Foram realizados 114,7 milhões de operações, no valor de 7,3 mil milhões de euros. Esta evolução negativa deveu-se essencialmente à forte redução nos levantamentos, compras e operações de baixo valor (como portagens e parques de estacionamento)”, refere.

“Para encontrar um número mais baixo de operações com cartão, é preciso recuar 11 anos, até fevereiro de 2009, e, em termos de valor, até fevereiro de 2015”, destaca o BdP.

Os levantamentos de numerário, por sua vez, diminuíram, em termos homólogos, 51,9% em número e 40,3% em valor, tendo sido efetuados, em abril de 2020, apenas 17,2 milhões de levantamentos, no valor de 1,5 mil milhões de euros.

“Ao longo dos últimos 20 anos, não existe registo de um número tão reduzido de levantamentos de numerário”, refere o Banco de Portugal.

As compras efetuadas decresceram de forma igualmente significativa relativamente ao período homólogo: 42,5% em número e 39,7% em valor, para 60,9 milhões de operações (número mais baixo desde fevereiro de 2014), no valor de 2,4 mil milhões de euros (valor mais baixo desde fevereiro de 2015).

Em média, os portugueses levantaram por dia menos 32,8 milhões de euros e efetuaram menos 52,8 milhões de euros de compras, comparando com o mesmo período de 2019.

Os setores de atividade com maior proporção de compras com cartão registaram reduções significativas nestas operações, que variaram entre 16% no comércio a retalho e 97% no alojamento.