Douglas Ross, o subsecretário de Estado do Reino Unido para a Escócia, demitiu-se esta terça-feira na sequência da polémica de Dominic Cummings, o principal assessor do primeiro-ministro britânico. Como relata a BBC, Ross afirma que os “eventos nos últimos dias significam que não posso mais servir como membro deste governo”.
I haven't commented publicly on the situation with Dominic Cummings as I have waited to hear the full details. I welcome the statement to clarify matters, but there remains aspects of the explanation which I have trouble with. As a result I have resigned as a government Minister. pic.twitter.com/6yXLyMzItJ
— Douglas Ross MP (@Douglas4Moray) May 26, 2020
Dominic Cummings desrespeitou as regras da quarentena ao ter viajado 400 km, em março, até Durham, quando a mulher, a jornalista Mary Wakefield, tinha sintomas de Covid-19. O assessor queria deixar o filho com familiares que tomariam conta dele. De acordo com as medidas de isolamento, introduzidas a 23 de março no Reino Unido, qualquer pessoa com sintomas deve auto isolar-se nas suas casas. E as pessoas com mais de 70 anos – como os pais de Cummings – não estão autorizadas a receber visitas.
Ross afirmou na nota sobre a sua saída, como partilhou no Twitter, que muitos britânicos tiveram de faltar a funerais e evitar ver familiares doentes. Por causa disso, classifica o comportamento do assessor de Johnson como irresponsável e diz que não consegue compreender a justificação oficial.
Embora as intenções possam ter sido boas, a reação a essas notícias mostram que a interpretação do senhor Cummings dos conselhos do governo não foi partilhada pela grande maioria das pessoas que fizeram o que o governo pediu”, diz Ross.
Cummings, apesar de ter sido pressionado a pedir desculpa aos britânicos pelo seu “comportamento irresponsável”, como descreveram os jornalistas no local, não se mostrou arrependido. O homem que é um dos braços direitos de Johnson admitiu até que se portou de “maneira racional, tentando minimizar os riscos”. Isto porque, ainda segundo o assessor, as regras do confinamento admitem “circunstâncias excecionais”, como foi o seu caso, quando se trata de “cuidar de crianças pequenas”.
Cummings tem sido uma figura controversa no governo britânico. Ajudou a liderar a campanha pró-Brexit, em 2016, e segundo a imprensa, também esteve detrás das primeiras opções do primeiro-ministro em termos de combate ao novo coronavírus.