O Dia Nacional do Feirante é celebrado esta terça-feira com a romagem ao Santuário de Fátima, para “carregar de esperança” todos os vendedores de feiras e mercados do país, após cerca de três meses difíceis devido à pandemia da Covid-19.

Sem a participação física de feirantes de todo o país, o 15.º Encontro de Feirantes, em Fátima, concelho de Ourém, distrito de Santarém, que coincide com a segunda celebração oficial do Dia Nacional do Feirante, vai ser assinalado pela Federação Nacional das Associações de Feirantes (FNAF), às 11h, com a tradicional romagem até à Capelinha das Aparições, onde estarão apenas cerca de 10 pessoas.

“Em vez de serem os feirantes a pedirem uns pelos outros, será a federação e as associações a pedirem um ano mais próspero”, avançou o presidente da FNAF, Joaquim Santos, destacando a “responsabilidade muito grande” de assinalar o Dia Nacional do Feirante, ainda que “de uma forma diferente, de uma forma mais acatada, com um número de pessoas mais restrito”.

Mantendo a simbologia dos anteriores encontros de feirantes em Fátima, marcados pela “devoção e fé”, a federação pretende “carregar de esperança para todos os feirantes que exercem a atividade”, num momento em que é preciso “coragem” para retomar após cerca de três meses “sem qualquer remuneração”, devido à pandemia.

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Pedir no altar do mundo, que é Fátima, no altar de Portugal, essa força”, disse Joaquim Santos, em declarações à agência Lusa, considerando que, no âmbito do impacto da pandemia, “o pior está a passar”, com a reabertura das feiras e dos mercados, a partir de 18 de maio.

Se o setor já sofria dificuldades, a pandemia da Covid-19 fez com que, desde março, os feirantes ficassem, “praticamente, parados a 100%”, na sequência do encerramento das feiras, “em prejuízo de uma classe que está completamente desprotegida”, indicou o presidente da FNAF.

“O ser feirante, neste contexto, é alguém que gosta disto como profissão, que já assumiu isto como a sua vida de trabalho e alguém que ainda hoje tem um desafio muito grande, que é inovar”, expôs o dirigente da federação, realçando o carisma dos feirantes, com a “liberdade de circular de um lado para o outro à procura do seu ganha-pão”.

“É isto que nos dá algum ânimo, que possamos ter um amanhã um bocadinho mais sorridente”, sublinhou Joaquim Santos, frisando que os quase três meses de confinamento têm sido “muito duros” e têm deixado os feirantes “completamente descapitalizados“.

Sem um balanço preciso, Joaquim Santos estimou que haja “algumas centenas” de feirantes que tenham deixado a atividade, para “procurarem outra forma de vida mais tranquila e mais certa”.

No entanto, “o grosso maior do universo de 25 mil feirantes ainda está à espera que alguns municípios arranquem com esta atividade”, reabrindo as feiras e os mercados, “porque já deviam ter feito o trabalho de casa”, reclamou o representante dos feirantes, criticando a decisão de se limitar o comércio aos produtos alimentares.

“Temos zonas do país que estão a desconfinar direitinho, que estão a abrir as feiras e os mercados, temos outras que – não sei qual é o motivo – estão aqui um bocado resistentes e ainda não estão a abrir com a totalidade”, apontou o responsável da FNAF, dando como exemplo as feiras de Espinho e de Vila Nova de Famalicão, que reabriram apenas com a venda de produtos alimentares.

Na perspetiva de Joaquim Santos, “não é o momento de discriminar”, pelo que “faz sentido, na próxima semana, já estar com a totalidade dos feirantes”.

Num apelo dirigido às câmaras municipais, a federação de feirantes lembrou que “há gente que está sem qualquer remuneração há três meses”, lamentando que haja “muitas feiras que não abriram ainda”, inclusive na zona Centro e no Algarve.

“Isto é uma cultura, feirar é uma cultura, não vamos deixar perder as nossas raízes”, reforçou o presidente da FNAF, encetando esforços para que, com segurança devido à Covid-19, todos os feirantes possam voltar a exercer a atividade.

“Neste momento, as feiras estão sem dar o abraço, mas de braços abertos à espera de todos aqueles que as visitam”, afirmou, referindo que existem mais de duas mil feiras e mercados no país.

Com a convicção de que “melhores dias virão”, Joaquim Santos defendeu que é preciso “dar ânimo” aos feirantes, desafiando os portugueses a comprarem nas feiras, nos mercados e no comércio local, para fazer avançar a economia local.