O Equador considera que o problema da migração venezuelana precisa de “soluções globais”, embora reconhecendo que o mais urgente neste momento é garantir a “subsistência” de milhares de migrantes que continuam sem sustento.

“A primeira necessidade é a subsistência, projetos para apoiar essas pessoas. [Muitas delas] estão na economia informal, [mas algumas estão] até na formal”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros do Equador, José Valencia, ao abordar as expectativas do país na conferência internacional sobre o assunto que vai decorrer esta terça-feira, com a participação de 60 países.

Numa entrevista à agência Efe, em que perspetivou a conferência organizada pela União Europeia e por Espanha, com o apoio da Agência das Nações Unidas para os Refugiados e da Organização Internacional para as Migrações, o ministro equatoriano disse que é preciso ter em consideração as dificuldades dos migrantes, mas também as dos países anfitriões, como resultado das consequências da pandemia de Covid-19.

“A conferência de amanhã [esta terça-feira] está mais focada na comunidade internacional, que se esforça para contribuir com projetos, programas e iniciativas dos Estados que recebem migração e que estão sob significativa pressão orçamental”, afirmou o ministro.

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O chefe da diplomacia do Equador considerou ainda que o encontro virtual desta terça-feira pode ser um “ponto de partida” para uma “abordagem de apoio da comunidade internacional” em relação ao problema das migrações, que ganhou “urgência adicional” devido aos efeitos do novo coronavírus.

José Valencia lembrou que o Equador recebeu, nos últimos anos, mais de 400.000 migrantes, número difícil de suportar a nível orçamental, principalmente nas atuais condições de crise e com o défice que o governo de que faz parte apresenta.

A plataforma das Nações Unidas para migrantes calculou que, para o triénio 2019-2021, são esperados gastos no Equador em torno de 550 milhões de dólares (504 milhões de euros), cerca de 180 milhões por ano”, disse o ministro.

Esses gastos destinam-se, por exemplo, à escolaridade de mais de 40.000 crianças venezuelanas ou aos mais de 509.000 cuidados médicos prestados aos migrantes, que corresponderam a 82 milhões de dólares, em 2019.

“É um fardo importante para o Equador, que está a sofrer uma acentuada escassez desta vez, devido à drástica redução na receita tributária e à desaceleração económica que o coronavírus causou”, insistiu o ministro dos Negócios Estrangeiros.

José Valência disse ainda que o Equador, além de se preocupar com a “regularização dos venezuelanos”, também se “preocupa com a integração deles na sociedade”, tendo realçado que já há mais de 172.000 venezuelanos com visto no seu país e que vários deles têm já “visto humanitário”.

O ministro prometeu ainda que o Equador vai “cumprir a sua obrigação humanitária”, mas que, “dadas as circunstâncias do momento”, precisa “mais do que nunca” de “apoio internacional”.