Em França, país do tetracampeão europeu Lyon, a temporada foi cancelada em conjunto com todos os outros desportos. Na Holanda, o cenário foi semelhante. Em Espanha, a época acabou e o Barcelona foi campeão. Em Inglaterra, a temporada acabou oficialmente esta terça-feira. Mas na Alemanha, já a partir deste fim de semana, o futebol feminino vai regressar — duas semanas depois de o futebol masculino ter recomeçado.

“Estou muito feliz porque os clubes da Bundesliga feminina expressaram a sua unidade em favor da continuidade da temporada. Isto é exatamente aquilo de que precisamos durante esta crise. O retorno da Bundesliga feminina aos relvados é mais um passo importante em direção a uma espécie de normalidade no futebol e também na sociedade. A Bundesliga feminina está a assumir um papel pioneiro no futebol feminino internacional”, disse Fritz Keller, presidente da Federação alemã, em comunicado. Além do campeonato, também a Taça da Alemanha vai terminar, com a final agendada para o dia 4 de julho (os quartos de final vão recomeçar a 2 e 3 de junho, na próxima semana).

A Bundesliga feminina recomeça assim já na próxima sexta-feira, dia 29, com o tricampeão Wolfsburgo — onde joga Cláudia Neto, capitã da Seleção Nacional — a receber o Colónia. O motivo pelo qual o futebol feminino vai recomeçar na Alemanha, ao contrário do que vai acontecer em França, Holanda, Espanha e Inglaterra, quatro países onde a modalidade tem uma expressão significativa, explica-se através da prioridade dada à igualdade em detrimento dos interesses comerciais.

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Bayern Munique, Borussia Dortmund, RB Leipzig e Bayer Leverkusen, os quatro clubes alemães que marcaram presença na Liga dos Campeões masculina esta época, criaram um fundo de solidariedade que acabou por ser essencial para o regresso da liga feminina. “Este apoio é a garantia de que os altos custos das medidas de higiene estão asseguradas para todos os clubes e também que qualquer quebra de receitas pode ser compensada”, explicou Siegfried Dietrich, o responsável pelo futebol feminino na Federação.

[Ouça aqui o programa “Nem Tudo o Que Vai à Rede é Bola” da Rádio Observador onde José Couceiro, diretor técnico nacional, falou sobre o investimento da Federação Portuguesa de Futebol no futebol feminino]

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Numa entrevista recente ao The Guardian, a sueca Hedvig Lindahl, guarda-redes do Wolfsburgo, explicou que as equipas voltaram aos treinos há cinco semanas “em grupos pequenos” e já avançaram para treinos normais, “com toda a proteção, com distância, com limpeza de todos os equipamentos de ginásio, sem utilização dos balneários e a tomar banho em casa” — ou seja, a respeitar o protocolo também implementado na Bundesliga e tido como obrigatório para o regresso da competição.

“A Alemanha é conhecida pela organização. O sistema de saúde e a liderança têm sido muito bons. Sentimos que eles estão no controlo. Só posso esperar que as minhas colegas de equipa também estejam a ser cautelosas porque estamos a colocar-nos a todas em risco”, disse Lindahl, de 37 anos, que é a dona da baliza da seleção sueca que ficou no terceiro lugar do último Mundial.

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