O governador do estado brasileiro de São Paulo, João Doria, indicou esta segunda-feira que não permitirá a realização de manifestações com propósitos opostos no mesmo dia e local, após confrontos no domingo entre apoiantes e críticos do Governo Federal.

“O que não ocorrerá mais na Avenida Paulista serão manifestações de duas partes no mesmo horário, no mesmo dia. Isso não será permitido pela Secretaria da Segurança Pública de São Paulo. Tenho a certeza que os manifestantes saberão compreender que não é com confronto físico, [com] pessoas com armas brancas ou qualquer outro tipo de instrumento, que nós vamos assegurar a democracia“, disse o governador à imprensa.

“Confrontos só atendem o interesse da visão autoritária, daqueles que querem justificar a intervenção militar pela falta de controlo da Polícia Militar. Em São Paulo isso não ocorrerá. Por isso, as manifestações serão em dias distintos, e assim será feito por determinação do governo de São Paulo, para proteger a vida das pessoas e o seu legítimo direito de manifestação“, acrescentou Doria.

As declarações do governador daquele que é o estado mais rico e populoso do Brasil ocorreram um dia após apoiantes e críticos do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, entrarem em confronto em São Paulo, causando distúrbios violentos que deixaram vários feridos, entre eles o fotógrafo da agência de notícias espanhola Efe Fernando Bizerra.

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Os incidentes ocorreram na conhecida e central Avenida Paulista, para a qual foram convocadas manifestações pelo chamado “Bolsonarismo”, a favor de Jair Bolsonaro, e também por grupos de opositores ao atual chefe de Estado do país, que protestam contra o “autoritarismo”.

Os primeiros manifestaram o seu apoio a Bolsonaro, exigindo o “encerramento” do Parlamento e do Supremo Tribunal, que acusam de “conspirar” contra o governo, enquanto os segundos afirmaram que iriam para a rua em “defesa da democracia”.

Na Avenida Paulista, os confrontos entre os dois lados levaram a polícia a intervir com gás lacrimogéneo e balas de borracha e três pessoas foram detidas, segundo o portal de notícias G1.

Posteriormente, um grupo da sociedade civil brasileira convocou um novo protesto em defesa da democracia e contra o governo do Presidente, agendado para o próximo domingo, e que já regista interesse de mais de 22 mil pessoas na rede social Facebook.

“No próximo domingo vamos à Avenida Paulista pela democracia. Todos de máscara e garantindo o distanciamento para não propagar o vírus. Pela vida e contra o fascismo. Aqui está o povo sem medo de lutar!”, diz a convocação do grupo Mais Democracia, naquela rede social.

O grupo também afirmou querer sair à rua em defesa da democracia para “não deixar o fascismo crescer no Brasil”.

Atos políticos têm dividido o Brasil, principalmente aqueles que são organizados a favor do Presidente, contra membros dos outros poderes e contra medidas de isolamento social decretadas por autoridades locais em estados e cidades do país.

No último domingo, além dos atos em São Paulo que demonstraram esta divisão, Bolsonaro deslocou-se a um protesto em Brasília, organizado por apoiantes, que carregavam bandeiras e faixas contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e contra líderes políticos e do Congresso.