O encontro não estava na agenda, os convidados foram informados para entrarem pela porta lateral, mais discreta, do Palácio de Belém e a reunião ocorreu numa sala diferente àquela onde se costumam realizar as audiências. Marcelo Rebelo de Sousa teve esta terça-feira de manhã um encontro discreto com o grão-mestre da mais influente obediência maçónica portuguesa, o Grande Oriente Lusitano (GOL), numa reunião que durou uma hora e 20 minutos. Contactado pelo Observador, o grão-mestre da maçonaria, Fernando Lima, confirmou que a reunião ocorreu e descreve-a como “agradável” e comunicou ao Presidente da República as preocupações dos “irmãos” maçons com os “problemas sociais” decorrentes desta crise sanitária e económica.

Fonte de Belém também confirmou o encontro ao Observador, mas desvalorizou o facto de o mesmo ter decorrido de forma discreta e não ter sido tornado público, explicando que a mesma prática foi seguida por Marcelo Rebelo de Sousa em encontros com outras obediências maçónicas e com confissões religiosas. Além disso, explica a mesma fonte, a audiência do Presidente da República foi também aproveitada para fazer uma despedida institucional do grão-mestre, uma vez que Fernando Lima está em final de mandato e não será recandidato nas eleições do GOL (que estavam marcadas para 6 de junho e foram adiadas devido à pandemia).

O encontro com a maçonaria, sabe o Observador, partiu, aliás, da obediência maçónica, que pediu para ser recebida em Belém para exprimir as preocupações da organização relativamente aos efeitos da pandemia de Covid-19 no país. Na segunda-feira, a Presidência da República informou o GOL que teria de entrar pela porta lateral, o primeiro sinal de que o encontro não seria oficial e não estaria na agenda. De facto, na agenda do Presidente da República para o dia 2 de junho aparece apenas um ponto e às 21h30: a participação no “Espetáculo Deixem o Pimba em Paz, de Bruno Nogueira e Manuela Azevedo”. Uma prática que tem sido habitual no mandato desta presidência, que não torna públicos todos os compromissos de agenda do Presidente. Na própria reunião, ao que o Observador apurou, Marcelo terá explicado que prefere o modelo de reunião informal. Marcelo Rebelo de Sousa fez um quadro do que se passa no país e dos desafios que há pela frente a nível da resposta social e terá sinalizado que organizações como a maçonaria — que seguem princípios como a solidariedade — também são importantes para ajudar a sociedade portuguesa a atravessar esta crise.

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