Um tweet do deputado do Chega, André Ventura, publicado na terça-feira, em referência à proposta de voto de pesar do BE pela morte de George Floyd – e na qual Ventura pretende votar contra – continua a incendiar as redes sociais. O deputado tinha ameaçado: “se o Chega vencer as eleições, ofender polícias, magistrados ou guardas prisionais vai dar mesmo prisão. E o Twitter deixará de ser a bandalheira que é”. O músico Agir foi dos primeiros a responder, recorreu às redes sociais e não foi brando: “Não sei como vai ser no Twitter nem se vais ganhar, mas pelo sim pelo não aproveito já para dizer enquanto posso que és uma m****”, declarou o músico.
E não se ficou por aqui, chamando André Ventura de “populista” porque “pega no medo das pessoas, generaliza-o e ganha votos”. “Tenho mais medo do Ventura do que qualquer minoria étnica”.

Horas depois, André Ventura decidiu responder ao cantor. “Meu caro, para acabar contigo nem sequer era preciso censura. Basta que os portugueses tenham um pouco de bom gosto musical e nunca mais temos de ouvir essa voz frouxa e esse corpo tatuado à gangster efeminado” escreveu o deputado.
A troca de acusações continuou entre os dois: “Ok, não está péssimo péssimo mas estava à espera de mais. Acho que precisa de um ghostwriter para os insultos que está a ficar fraquinho”, respondeu Agir.

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Logo a seguir, foi a vez da cantora Carolina Deslandes sair em socorro de Agir, de quem é amiga, e destacar o assunto nas stories da sua página de Instagram: “Tudo o que se está a passar no mundo não é só um problema do outro lado do oceano, é um problema mundial. É muito fácil aparecer com uma solução bruta, é aliciante quando alguém aparece com uma solução milagrosa para os nossos problemas e quer culpar nas minorias, nos ciganos… quer ‘prender os maus’ e ajudar-nos a ter mais coisas… Isto é tudo ilusório”, começa por dizer a cantora. E acrescenta: “Isto é vir reinar com supostas soluções que só trazem mais segregação, mais violência, mais preconceito. Não se deixem enganar”, concluiu, pedindo aos fãs para “saírem de casa quando for tempo de votar”.

Já em plenário, esta quarta-feira, enquanto decorria o debate quinzenal com o primeiro-ministro na Assembleia da República, André Ventura tweetou: “Faltava a Deslandes. Agora os pseudo artistas saíram todos do armário para criticar o Chega e o André Ventura. Quando viverem no mesmo prédio de algumas minorias e souberem o que é a vida, eu dou-lhes mais atenção”.

André Ventura diz a Isabel Moreira que nunca foi “condenado por racismo”

Esta quarta-feira de manhã, um parecer sobre um projeto do Chega para extinguir a comissão para a igualdade e contra a discriminação racial, abriu um debate acalorado entre Isabel Moreira, deputada do Partido Socialista, e André Ventura, deputado único do Chega. A meio da discussão do parecer, na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Isabel Moreira afirmou que o deputado do Chega “é declaradamente uma pessoa racista”, ao que André Ventura respondeu, por Skype, que “nunca” foi “condenado por racismo”.

O presidente da comissão, Luís Marques Guedes, viu-se obrigado a chamar a atenção para este tipo de linguagem que pode “ofender as pessoas”, distinguindo o que é uma opinião e uma posição política, quando se acusa alguém de “apresentar propostas racistas”.

Deputada socialista Isabel Moreira chama racista a André Ventura durante comissão parlamentar

Na resposta, a deputada do PS disse “recuar” e que “não deveria ter dito o que disse”, mas acrescentou, em tom irónico: “Uma pessoa que nunca foi condenada por racismo não é racista, tem muitas opiniões racistas, mas não tendo sido condenado, não é racista.” “Uma pessoa que propõe confinamento de pessoas por serem ciganas, é ser racista”, afirmou ainda. No debate, André Ventura disse, ainda, que não iria responder diretamente a Isabel Moreira, embora também tenha concluído com a frase: “Não vou dizer o que penso sobre si.”

Foi, também, na rede social Twitter que André Ventura explicou o que vai levar o Chega a votar contra a proposta de voto de pesar pela morte de George Floyd – o afro-americano que morreu, deitado no chão, com o joelho de um polícia sobre o pescoço, na cidade norte-americana de Minneapolis: “Enquanto os partidos não souberem dizer o nome do jovem são-tomense assassinado no Seixal e tratarem o caso com a mesma indignação”. Tendo ainda concluindo que o que existe, hoje, “é que as publicações de ódio aos polícias e magistrados são intocáveis, mas quando se diz que foram ciganos que mataram um negro no Seixal , as publicações são apagadas ou bloqueadas”.