Presidentes de câmara portugueses e galegos de municípios banhados pelo rio Minho exigiram esta quarta-feira a reabertura “imediata” de mais três pontos entre Portugal e Espanha de forma a corrigir o que dizem ser uma injustiça dos dois Estados.

Doze dos 14 autarcas portugueses e galegos com municípios localizados ao longo de 70 quilómetros do rio Minho realizaram esta quarta-feira de manhã uma ação de protesto conjunta no meio da ponte internacional da Amizade, que liga Vila Nova de Cerveira, no distrito de Viana do Castelo, a Tomiño, na Galiza, em Espanha, encerrada desde a reposição de fronteiras entre os dois países.

Na ação, promovida pelo Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) Rio Minho, que contou com a presença de jornalistas portugueses e espanhóis, os autarcas exibiram a palavra “SOS” em letras grandes.

O controlo das fronteiras terrestres com Espanha está a ser feito desde as 23h do dia 16 de março em nove pontos de passagem autorizada devido à pandemia de Covid-19.

Atualmente, no distrito de Viana do Castelo, a ponte nova sobre o rio Minho, que liga as cidades de Valença e Tui, é o único ponto de passagem autorizado para trabalhadores transfronteiriços e transporte de mercadorias.

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Na terça-feira, o ministro da Administração Interna admitiu manter encerradas as fronteiras terrestres e aérea com Espanha, enquanto existir uma quarentena interna no país vizinho.

Nós, neste momento, temos a fronteira terrestre encerrada até 15 de junho. Iremos analisando essa situação. Eu admito que, se as próprias autoridades espanholas já disseram que antes de 1 de julho não haverá liberdade de circulação, provavelmente temos de manter encerrada a fronteira terrestre todo este mês de junho”, afirmou Eduardo Cabrita.

O governante sublinhou que “não faz sentido reatar a fronteira terrestre enquanto em Espanha existir uma situação epidemiológica que exige acompanhamento e enquanto existir uma quarentena interna”.

Mas, nas últimas semanas, os autarcas dos dois lados do rio Minho têm feito repetidos apelos à abertura de mais passagens entre as duas regiões transfronteiriças.

Na sexta-feira, os presidentes das câmaras de Valença e Tui lançaram “um pedido de socorro” aos Governos de Portugal e de Espanha, exigindo a reabertura imediata da ponte centenária que liga a eurocidade, e de mais pontos de passagem no território face aos “prejuízos muito graves” que a atual situação está a causar à economia dos dois territórios e aos trabalhadores transfronteiriços.

Anteriormente também o diretor do AECT Rio Minho referiu que o território está “afogado” por uma única passagem na fronteira entre os dois países e a situação está a tornar-se “insustentável”.

Constituído em fevereiro de 2018 e com sede em Valença, o AECT Rio Minho abrange um total de 26 concelhos: os 10 municípios do distrito de Viana do Castelo que compõe a CIM do Alto Minho e 16 concelhos galegos da província de Pontevedra.

Também o Observatório Transfronteiriço Espanha-Portugal indica que, “dos 60 pontos existentes entre ambos os países, os de Valença-Tui, Cerveira-Tomiño e Monção-Salvaterra do Minho estão entre os seis com maior fluxo de tráfego transfronteiriço, somando, entre as três, mais do 50% do trânsito de veículos”.