O que é que José Mourinho, Pep Guardiola e Diego Simeone têm em comum? À cabeça, o facto de serem três dos melhores treinadores de futebol do século XXI. Mas na história mais recente, o técnico português, o espanhol e o argentino adquiriram outro elo de ligação. Nas últimas temporadas, todos perderam os adjuntos que os acompanhavam há vários anos e que eram parte responsável dos sucessos de Mourinho, Guardiola e Simeone.
O português foi o primeiro. Em maio de 2018, depois de 17 anos na equipa técnica de José Mourinho, Rui Faria anunciou que ia deixar o Manchester United — primeiro para uma pausa sabática, depois para começar a carreira de treinador principal. Foi associado ao Arsenal, depois da saída de Arsène Wenger, chegou a ser ligado ao Sporting e ao Benfica mas acabou no Al-Duhail do Qatar. Ficou apenas um ano do Médio Oriente, demitiu-se depois de uma goleada sofrida com o Al Sadd de Xavi e está atualmente sem clube.
Mikel Arteta oficializado como treinador do Arsenal até 2023
Seguiu-se Guardiola. Em dezembro do ano passado, depois de Unai Emery ser despedido do Arsenal, Mikel Arteta deixou o lugar ao lado do treinador espanhol no Manchester City para orientar o clube onde tinha terminado a carreira de jogador. Braço direito de Guardiola desde que este chegou chegou a Inglaterra — conheceram-se ainda em Barcelona e o atual treinador do City ficou logo convencido de que o antigo médio iria dar um bom técnico –, Arteta decidiu começar a respetiva carreira em Londres e ajudar o Arsenal a recuperar os resultados de outro tempo. Atualmente, os gunners estão no 9.º lugar da Premier League, na luta pela qualificação para as competições europeias da próxima temporada, e caíram nos 16 avos de final da Liga Europa com o Olympiacos de Pedro Martins.
E por fim, esta quarta-feira, chegou a vez de Diego Simeone. Germán Burgos, conhecido como Mono Burgos, anunciou que vai deixar a equipa técnica do Atl. Madrid no final da temporada — depois do fim da Liga do Campeões — para começar a própria carreira de treinador principal. O antigo guarda-redes do River Plate, do Maiorca e também do Atl. Madrid juntou-se a Simeone há nove anos, quando este estava ainda ao leme do Racing Avellaneda: os dois argentinos já se conheciam há muito, desde os tempos da seleção e de serem colegas de equipa nos colchoneros. Voltou à capital espanhola e aos rojiblancos ao lado do treinador, em 2011, e fez parte da equipa técnica que levou o clube à conquista de uma liga espanhola, uma Supertaça de Espanha, duas Ligas Europa e duas Supertaças Europeias, para além de ter chegado a duas finais da Liga dos Campeões.
Atleti Family, Germán Burgos wants to tell us something. pic.twitter.com/zktDXeXmvz
— Atlético de Madrid (@atletienglish) June 3, 2020
“Com mais de dez anos de experiência na primeira divisão, acho que estou plenamente capacitado para dirigir os destinos de uma equipa. Isto é um até logo, não é um adeus. O futuro dirá se nos voltamos a ver”, diz Mono Burgos no vídeo partilhado pelo Atl. Madrid, onde o argentino mistura a emoção natural de deixar o clube com a alegria de começar um novo capítulo. Sobre Simeone, o antigo guarda-redes diz que se trata de “um irmão”. “Conhecemo-nos há muito tempo. Entendemo-nos com gestos, sem gestos, com olhares, sem olhares, com toques de cabeça. A 50 metros, com um gesto, sei o que me diz. Almocei e jantei mais vezes com ele do que com a minha família, entre oito anos de seleção argentina, mais os anos de Atlético como jogadores, mais oito anos outra vez no Atlético”, conta.
E até deixar Madrid, tem um último sonho. “Ainda temos objetivos, como garantir a qualificação para a Liga dos Campeões do próximo ano, mas o desejo de todos é ganhar a Champions. Sou um perseguidor de sonhos”, diz Mono Burgos. Quanto ao futuro, o antigo guarda-redes chegou a ser associado ao River Plate, tendo em conta uma eventual saída de Marcelo Gallardo, mas a opção do Unión de Santa Fe, sem treinador desde março, está a ganhar força nas últimas horas.