Os partidos que formam governo na Alemanha acertaram hoje um pacote de estímulo de 130 mil milhões de euros para ajudar a reativar a maior economia da Zona Euro e da União Europeia, seriamente afetada pela pandemia de Covid-19.

Na sequência de 21 horas de negociações – dispersas por dois dias – a chanceler Angela Merkel anunciou que os elementos da coligação que lidera tinham chegado a um consenso quanto a “uma resposta ambiciosa” que visa aumentar o consumo, o investimento em inovação e aliviar as dificuldades financeiras das famílias alemãs e outros agentes económicos.

A Alemanha começou a aliviar as restrições de confinamento associadas à pandemia de Covid-19 no dia 20 de abril, cerca de um mês depois de terem sido introduzidas. E o ritmo de levantamento das restrições tem vindo a aumentar. No entanto, a economia alemã entrou em recessão ainda no primeiro trimestre, uma tendência que deve piorar significativamente nos segundo trimestre.

O desemprego na Alemanha subiu para 6,3% (dos 5,8% no último mês), uma percentagem que teria sido bastante maior se não fosse o programa de layoff aprovado pelo governo federal, que permitiu às empresas cortar no horário (e nos respetivos salários) dos funcionários em vez de os despedir. Mais de 7 milhões de pessoas foram abrangidas pelo programa.

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“É óbvio que tudo isto requer uma resposta ambiciosa’, disse Merkel aos jornalistas em Berlim. “Estamos a falar de segurar os empregos, manter a economia a funcionar ou pô-la outra vez a funcionar”, completou.

O pacote de estímulo económico acordado na coligação inclui uma descida do principal escalão do IVA de 19% para 16% e do escalão reduzido do IVA de 7% para 5% durante seis meses, a começar já em 1 de julho.

Os municípios mais sobrecarregados com dívidas vão receber ajuda do governo federal, que vai contribuir com 120 mil milhões de euros para o pacote, ao longo de 2020 e 2021.

As famílias alemãs vão receber um pagamento de 300 euros por cada filho, acrescido de uma ajuda suplementar para pais solteiros.

Entre as dezenas de outras medidas, o governo vai aumentar a ajuda aos setores mais atingidos pela pandemia, aumentar os incentivos financeiros às compra de veículos elétricos e híbridos, financiar as obras de expansão em estruturas de ajuda à infância, como creches, e aumentar o investimento público em áreas como o armazenamento de energia renovável, computadores quânticos e digitalização.

A Alemanha já tem no terreno vários pacotes orçados em mais de um bilião de euros (1 milhão de milhões de euros) em ajudas. Estes valores incluem dinheiro para PME´s e para injetar capita em empresas maiores.

A crise fez com que o governo repensasse a sua tradicional disciplina orçamental. Depois de seis anos em branco, a Alemanha vai aos mercados para pedir 156 mil milhões de euros para financiar os pacotes de ajuda e compensar as já espetadas quebras na receita fiscal.

Olaf Scholz, o ministro das Finanças alemão, disse que a Alemanha pode dar-se ao luxo de aumentar a despesa pública por ter sido “financeiramente prudente nos anos mais recentes”, pelo que agora pode ir buscar as poupanças.