A Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo manifestou esta quinta-feira a sua “preocupação com o número de lares ilegais que a pandemia trouxe à tona” e com os cuidados de saúde que são prestados aos utentes destes espaços.

“Infelizmente verifica-se que, enquanto os cuidados de saúde primários, os cuidados hospitalares e um conjunto de outras entidades conseguiram corresponder à fase crítica da pandemia, veio à tona um problema que tem muita relação com os cuidados de saúde”, disse à Lusa o porta-voz da Comissão de Utentes da Saúde (CUSMT) do Médio Tejo, no distrito de Santarém.

Segundo Manuel Soares, o que a CUSMT verifica “é que muitas famílias não têm condições sociais e económicas de terem os seus idosos e dependentes em instituições que tenham assistência, cuidados médicos, alimentação e cuidados sociais que permitam dizer que estão a ser colocados em pé de igualdade que os outros”.

O porta-voz falava à Lusa após uma reunião com a diretora executiva do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Médio Tejo, “a primeira presencial desde o início da pandemia”, e onde expôs as preocupações da CUSMT, numa altura em que “as pessoas precisam que os cuidados de saúde primários voltem a funcionar em pleno” e em que vários surtos de Covid-19 detetados em lares de idosos sem licenciamento levou as autoridades a fazerem um levantamento inicial desta realidade, cujos números apontam para mais de uma centena de espaços nesta condição.

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“Há muitos problemas sociais escondidos no Médio Tejo, de pessoas com idade avançada, e temos muita preocupação com as casas de acolhimento não licenciadas e com os cuidados que são prestados aos seus utentes”, declarou.

O distrito de Santarém tem sinalizados cerca de 130 lares ilegais em funcionamento, número que está em atualização e que pode “pecar por defeito”, abrangendo “largas centenas de utentes e funcionários”, adiantou à Lusa no início de maio fonte da Proteção Civil.

De acordo com Manuel Soares “há aqui um problema social e de saúde pública”, uma questão que entende ser “urgente” resolver, tendo feito notar que levou o assunto à reunião com a diretora executiva do ACES, “para que se mantenha na agenda das autoridades, para atenção redobrada e para a sua resolução”, dando conta que a região do Médio Tejo tem uma faixa populacional muito idosa.

O porta-voz destacou, por outro lado, a “coordenação, interligação e ação evidenciada pelas autarquias, Segurança Social, ACES, Centro Hospitalar, profissionais dos cuidados primárias e outras autoridades ao serviço da população” neste tempo de pandemia, mas alertou para o “cansaço acumulado dos profissionais de saúde”, numa altura em que “há a necessidade de retomar as atividades nos centros de saúde, como os rastreios, vacinação e demais cuidados gerais à comunidade”.

O ACES Médio Tejo tem cerca de 225 mil utentes/frequentadores e é composto pelos municípios de Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sardoal, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha.