O presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil de Bragança, Francisco Guimarães, mostrou-se esta sexta-feira “receoso” com a anunciada reabertura das fronteiras com Espanha a partir de 1 de julho.

O dirigente máximo da comissão que tem acompanhado na região a crise sanitário devido à pandemia Covid-19, espera que até à data da reabertura, os Governos de Portugal e Espanha “tenham o cuidado também de perceber como se deve abrir a fronteira”.

Francisco Guimarães salienta a importância económica e turística para ambos os países e para a região da livre circulação, mas a região do Nordeste Transmontano está empenhada, como vincou, em “durante os próximos meses manter” os resultados positivos que se verificam até à data.

O distrito de Bragança não regista novos casos há vários dias consecutivos, somando 259 pessoas infetadas e 24 mortes associadas à Covid-19, segundo dados oficiais.

O presidente da Comissão é também autarca de Mogadouro, um concelho fronteiriço, e sustenta os receios com o número elevado de casos no outro lado da raia e em localidades vizinhas deste território.

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Também o presidente da Câmara de Bragança, Hernâni Dias, tem as mesmas preocupações sanitárias com a proximidade com Espanha e defende que “a Direção-Geral de Saúde (DGS), que é quem tem a responsabilidade de definir as normas, deverá pensar bem aquilo que pode efetivamente fazer para evitar novos fluxos da doença”.

O autarca entende que “cabe ao Governo central definir essas orientações, testes eventualmente, exigir às pessoas que tenham determinado tipo de comportamentos ou que venham com determinado tipo de equipamentos de proteção para puderem impedir a propagação da doença”, concretizou.

“Eu acho que deve ser a DGS a definir essas orientações, se nos pedirem colaboração, fá-lo-emos com todo o gosto, também não creio que o façam porque nunca nos foi solicitado, mas de qualquer maneira estamos sempre disponíveis para ajudar”, declarou.

O presidente da Câmara de Bragança ressalva que “gostaria que efetivamente as fronteiras abrissem” e fosse possível “retomar a atividade transfronteiriça” para continuar a dinamizar a economia por via desta relação.

O controlo das fronteiras terrestres com Espanha está a ser feito desde as 23h do dia 16 de março em nove pontos de passagem autorizada devido à pandemia de Covid-19. A reabertura das fronteiras está prevista para 1 de julho.

Bragança é uma das cidades que se ressente com o fecho das fronteiras “porque os fluxos de pessoas não acontecem da mesma forma como aconteciam antes da pandemia”, como observou o autarca.

Há, contudo municípios com maior impacto, como Miranda do Douro, onde o comércio vive essencialmente do mercado espanhol.

A maior parte do distrito de Bragança faz fronteira com Espanha e os municípios raianos que queiram aceder ao outro lado, são agora obrigados a deslocar-se a Quintanilha, em Bragança, a única fronteira com passagem autorizada, apesar de limitada.