O Presidente brasileiro apelou na quinta-feira aos seus apoiantes para que não compareçam nas manifestações anti-governo e pró-democracia agendadas para domingo, que, segundo Jair Bolsonaro, são organizadas por “viciados” e “marginais”.

“Pessoal de verde e amarelo [cores da bandeira do Brasil], que tem Deus no coração, que pensa no seu país, que é conservador, não compareçam a esse movimento, que esse pessoal não tem nada a oferecer. Bando de marginais. Muitos ali são viciados. Outros têm costumes dos mais variados possíveis, que não condizem com a maioria da sociedade brasileira. Querem tumulto, confronto”, disse Bolsonaro, na sua transmissão semanal na rede social Facebook.

O chefe de Estado usou grande parte da sua transmissão em vídeo para criticar o movimento antifascista Antifa, que classificou como a “terceira onda” causada pela pandemia da Covid-19, atrás da crise de saúde e da crise económica.

Em causa está um novo protesto em defesa da democracia e contra o Governo de Bolsonaro, agendado para o próximo domingo por um grupo da sociedade civil brasileira. O ato convocado para domingo já regista o interesse de mais de 37 mil pessoas na rede social Facebook e deverá acontecer na Avenida Paulista, em São Paulo.

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“No próximo domingo vamos à Avenida Paulista pela democracia. Todos de máscara e garantindo o distanciamento para não propagar o vírus. Pela vida e contra o fascismo. Aqui está o povo sem medo de lutar!”, lê-se na convocatória do grupo Mais Democracia. O grupo indicou ainda nas redes sociais querer sair à rua em defesa da democracia para “não deixar o fascismo crescer no Brasil”.

Segundo Bolsonaro, os atos antifascistas não são a favor da democracia e apelou aos pais para que não deixem os filhos participarem nos protestos.

“Não é porque está escrito numa faixa ‘democracia’ que os sujeitos estão a defender a democracia. Eles estão ali a fazer o papel de terrorista. Infelizmente, não está tipificado como terrorismo”, declarou o chefe de Estado.

Se você pegar em 100 [jovens manifestantes] e colocá-los a fazer uma prova do Enem [exame de acesso ao ensino superior], a maioria não tira nem nota cinco. Não sabem interpretar um texto, não sabem nada, são uns idiotas que não servem para nada. Vai ter muito garoto desse tipo a ser usado como massa de manobra, idiota útil”, acrescentou Jair bolsonaro.

Na quarta-feira, Jair Bolsonaro já tinha classificado os membros do movimento antifascista Antifa como “marginais” e “terroristas”, acrescentando que o grupo está “em campo” no Brasil, após manifestações corridas no fim de semana passado.

A Antifa é um grupo conhecido pelas manifestações contra o fascismo e da luta antissistema.

Parte das ações deste grupo visam acabar com os grupos fascistas, racistas, neonazis e de extrema-direita, através de contramanifestações que defendem a igualdade de género e de defesa dos direitos da comunidade LGBT+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgéneros).

No passado fim de semana, apoiantes e críticos de Jair Bolsonaro entraram em confronto, causando distúrbios violentos que deixaram várias pessoas feridas na Avenida Paulista, na cidade brasileira de São Paulo.

A manifestação contra Bolsonaro foi feita por adeptos de equipas de futebol do país, nomeadamente do maior grupo organizado do Corinthians, a Gaviões da Fiel, que juntou apoiantes do Palmeiras, Santos e São Paulo.